Isolamento contra coronavírus criticado por Bolsonaro tem apoio de 76%, diz Datafolha
O isolamento social como ferramenta de combate à disseminação do coronavírus, duramente criticado pelo presidente Jair Bolsonaro, tem apoio de 76% da população, de acordo com pesquisa Datafolha divulgada nesta segunda-feira no site do jornal Folha de S.Paulo.
Segundo os dados, parte da pesquisa que começou a ser veiculada pela publicação na sexta, 18% entendem que é mais importante acabar com o isolamento para estimular a economia em meio à pandemia de Covid-19, doença provocada pelo coronavírus e que já tem mais de 11 mil casos no Brasil, além de 486 mortes, segundo o Ministério da Saúde. O percentual dos que não responderam é de 6%.
Ainda de acordo com o Datafolha, 65% entendem que o comércio não essencial deve permanecer fechado, contra 33% que avaliam que deveria ser reaberto e 2% que não responderam. Além disso, 87% se manifestaram a favor de que as aulas sigam suspensas, enquanto 11% defenderam que elas voltem e 2% não responderam.
O levantamento apontou ainda um apoio de 71% à proibição de sair de casa para quem não trabalha em serviço essencial, ao passo que 26% são contra, 1% é indiferente e 2% não responderam.
Bolsonaro tem criticado duramente o fechamento das escolas, o fechamento do comércio e o isolamento social. Ele defende a volta ao trabalho e que apenas idosos e pessoas com doenças pré-existentes, que pertencem ao grupo de risco, fiquem em casa.
A posição do presidente, contrária às orientações do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde, o colocou em posição antagônica à dos governadores que adotaram medidas de restrição à circulação, como o fechamento de comércio não essencial e das escolas, e foram duramente atacados pelo presidente, que os acusou de “exterminadores de empregos”.
Na sexta, o Datafolha já havia mostrado que o apoio ao Ministério da Saúde, comandado por Luiz Henrique Mandetta, é mais que o dobro do suporte a Bolsonaro.
O presidente tem entrado em rota de colisão com o ministro e já o acusou de extrapolar e não ser humilde. No domingo, sem citar Mandetta, disse que alguns de seus ministros estão “se achando” e a alertou que “a hora deles vai chegar”, pois não tem medo de usar sua caneta.
O Datafolha ouviu 1.511 pessoas por telefone entre os dias 1 e 3 de abril. A margem de erro da pesquisa é de 3 pontos percentuais.