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Isentas de IR, debêntures de infraestrutura batem recorde com R$ 9,6 bi no ano

12 jul 2018, 8:03 - atualizado em 12 jul 2018, 8:04

As debêntures de infraestrutura, regidas pela Lei 12.431 e cujo rendimento é isento de imposto de renda para pessoas físicas, bateram recorde de emissões desde a criação, em 2011, somando R$ 9,6 bilhões no primeiro semestre deste ano, 357% mais que no mesmo período do ano passado, informou hoje a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). De acordo com a associação, foram 16 operações com um valor quase quatro vezes maior do que o registrado entre janeiro e junho de 2017, quando também foram realizadas 16 operações, porém com volumes menores. No primeiro semestre do ano passado, essas debêntures movimentaram R$ 2,1 bilhões.

Os papéis isentos ajudaram no crescimento total das emissões de debêntures, que cresceram 109% no primeiro semestre sobre o mesmo período de 2017.

Captação total atingiu R$ 144,5 bi, 18% mais que em 2017

Apesar do recorde, a captação via debêntures de infraestrutura é pequena em relação à captação total das companhias brasileiras via mercado de capitais, que atingiu R$ 144,5 bilhões no semestre, volume que supera a média do período nos últimos sete anos, de R$ 122,5 bilhões. Supera também as emissões no mesmo período de 2017, em 18%, diz a Anbima. Mas o número de operações diminuiu: passou de 341, entre janeiro e junho do ano passado, para 306 em 2018.

Do total captado até junho, R$ 98,7 bilhões foram movimentados por instrumentos domésticos de renda fixa e híbridos, a partir de 285 emissões.

Debêntures: emissões dobram

As debêntures foram o principal papel escolhido pelas companhias: as operações somaram R$ 60,5 bilhões, valor que inclui os R$ 9,6 bilhões das debêntures de infraestrutura. Em relação aos R$ 29 bilhões do mesmo período do ano passado, o crescimento foi de 109%. Foram 96 emissões sem incentivos e 16 com, ante 85 e 16 no ano anterior.

Estrangeiros passam a comprar mais debêntures incentivadas

Apesar do crescimento das emissões incentivadas, os maiores compradores dessas debêntures foram os investidores estrangeiros, com 47,2% do total, para zero no primeiro semestre do ano passado. Já as pessoas físicas passaram de 29,2% para 15,2%, acompanhando parcialmente o crescimento de R$ 2,1 bilhões para R$ 9,6 bilhões do ano passado para cá. Ou seja, as pessoas físicas aumentaram as compras, mas os estrangeiros ficaram com a maior parte da oferta adicional.

Menos CRA

Se a oferta de debêntures isentas aumentou este ano, a de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) caiu, de R$ 5,2 bilhões para R$ 2 bilhões, enquanto a de Imobiliários (CRI) subi de R$ 2,3 bilhões para R$ 2,4 bilhões.   Ambos os papéis também têm rendimentos isentos para pessoas físicas. Já os fundos de recebíveis, os Fidcs, caíram de R$ 8,9 bilhões no primeiro semestre de 2017 para R$ 4 bilhões neste ano.

As pessoas físicas, porem, continuam atrás dos CRIs e CRAs. Elas são maioria entre os compradores de CRA, com 71% do total, e dos CRIs, com 58,3%. A fatia de pessoas físicas em CRA, porém, caiu em relação aos 85,8% do mesmo semestre ano ano passado, mas cresceu no CRI, que tinha 52,9% em 2017.

Ofertas de fundos imobiliários dobram

Outra opção isenta para pessoas físicas, os fundos imobiliários praticamente dobraram as emissões este ano, de R$ 4,4 bilhões para R$ 8,5 bilhões no primeiro semestre. As pessoas físicas lideram, ficando com 61,5% do valor emitido, um pouco menos que os 66,5% do mesmo período do ano passado.

Houve ainda crescimento no volume de ofertas públicas de notas promissórias (R$ 17,4 bilhões) e letras financeiras (R$ 4,1 bilhões). “Mesmo com a volatilidade do mercado nos últimos meses, as operações locais em renda fixa seguem funcionando muito bem, com alta demanda das empresas por novas emissões e apetite dos investidores por bons papeis”, afirma José Eduardo Laloni, diretor da Anbima.

Emissões de ações caíram 51%

Na renda variável, as emissões chegaram a R$ 6,9 bilhões em 2018, contra R$ 14,1 bilhões nos primeiros seis meses do ano passado, uma queda de 51%.

Já no mercado externo, as captações das empresas brasileiras acumularam R$ 38,9 bilhões, contra os R$ 51,3 bilhões alcançados no mesmo período de 2017. Essas emissões foram realizadas exclusivamente por ativos de renda fixa.