IRB(Re) (IRBR3) virou ‘máquina de lucros’? CEO comemora números recentes
No que até então era uma empresa que acumulava prejuízos, o IRB (IRBR3) virou o jogo — pelo menos nos últimos resultados divulgados mensalmente.
Segundo o documento referente ao mês de novembro, a companhia lucrou R$ 24 milhões contra prejuízo de R$ 48,5 milhões no mesmo período de 2022.
Já no acumulado de 2023, até novembro, o ressegurador lucrou R$ 110 milhões, contra prejuízo de R$ 633 milhões do mesmo período do ano retrasado.
Na bolsa, a melhora operacional fez efeito. A ação chegou a bater em R$ 50,98 em dezembro, disparada de 200% em relação à mínima em abril de 2023. Porém, o papel voltou a cair e hoje negocia na casa dos R$ 39.
Apesar da melhora, a ação ainda não ganhou totalmente a confiança de analistas. Segundo o consenso da Reuters, de seis corretoras, nenhuma recomenda compra. Quatro indicam neutralidade e duas venda.
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Os analistas do Citi destacam que o índice de retrocessão, em 25%, e a sinistralidade, em 57%, formaram uma boa combinação para a rentabilidade. Porém, a recomendação segue neutra.
Já o Santander é categórico em dizer que o “pior já passou”. O banco, inclusive, elevou a indicação dos papéis para neutro, mas não para compra, com novo alvo em R$ 46.
Os analistas citam alguns riscos ainda no radar, como os fenômenos climáticos El Niño e La Niña. Em 2022, a quebra de safra no agronegócio foi um dos principais vilões do aumento da sinistralidade, o que levou a resseguradora ao prejuízo.
Na contramão, o Safra rebaixou o rating da empresa a “underperform” (desempenho esperado abaixo da média do mercado, equivalente a “venda”).
Mesmo com a recuperação gradual na rentabilidade, a instituição avalia que a “performance operacional fraca” do IRB deve se estender por mais tempo.
O Safra vê potencial de valorização limitado para o preço-alvo de R$ 45, além de um valuation caro.
Apesar dos desafios, Marcos Falcão, CEO do IRB(Re), que assumiu a empresa em 2022 e tocou um amplo processo de reestruturação, que passou pela mudança da marca a uma nova sede no Rio de Janeiro, se diz confiante com números e com a capacidade da empresa de entregar resultados.
Confira a entrevista completa de Marcos Falcão, da IRB
Money Times: Em que estágio está a recuperação do IRB? Como avaliam os últimos resultados?
Marcos Falcão: Poderíamos resumir nossos resultados em uma palavra: consistência. Os números são coerentes com a nossa estratégia e indicam uma evolução gradual e contínua. Trabalhamos para gerar resultados sustentáveis, no longo prazo.
MT: Alguns analistas citam os eventos climáticos, como El Niño e a La Niña, como riscos para o papel; acham que isso, de fato, configura um problema para a empresa?
MF: Até o momento, não há impactos relevantes do El Niño, mas seguimos monitorando. Vale dizer que, na renovação dos contratos de agro, já estamos levando em consideração possíveis efeitos, tanto na precificação como na dispersão geográfica.
MT: O que esperam para 2024?
MF: Podemos dizer que, após o processo de ajuste, nossa carteira está equilibrada. Com isso, podemos crescer de forma proporcional em todas as linhas de negócios, priorizando a rentabilidade dos negócios e bons riscos. Seguiremos com o foco no Brasil, conforme nossa estratégia, potencializando nossos diferenciais: conhecimento do mercado, capacidade e pessoas qualificadas.
MT: Com a melhora do lucro, a empresa vislumbra algum pagamento de dividendos? Isso está no horizonte da companhia?
MF: Vamos seguir o disposto no estatuto da companhia.
MT: Quais são os principais desafios e riscos enfrentados pelo IRB atualmente?
MF: Os riscos são inerentes ao nosso negócio, que está sujeito à volatilidade e à sazonalidade. Precisamos estar preparados, por exemplo, para eventos que impactam a economia global, como conflitos internacionais, mudanças climáticas e pandemias. Nosso papel é fomentar o desenvolvimento do mercado, buscando soluções e novos produtos.
MT: Como o IRB enxerga o futuro do mercado de resseguros? Existem planos ou iniciativas específicas que a empresa está considerando para expandir suas operações ou serviços?
MF: Existe um grande gap de proteção no mundo e, em especial, no Brasil. Por gap de proteção entenda-se a diferença entre a perda econômica e a perda que estava protegida pelo mercado, segurador e ressegurador, quando da ocorrência de um desastre, por exemplo.
Como disse, o nosso objetivo é fomentar o desenvolvimento do mercado de proteção, buscando soluções e novos produtos. O potencial de crescimento do setor é enorme, independentemente do cenário.
MT: Qual mensagem gostaria de passar para o investidor?
MF: Trabalhamos, conforme a nossa estratégia, para gerar resultados sustentáveis, com uma carteira equilibrada, de qualidade e rentável. Continuaremos, cada vez mais, próximos de nossos clientes e investidores, criando intimidade e melhorando nossos processos e a qualidade de nossos serviços