IRB: mercado não faz a menor ideia do que acontece lá, por isso, fique longe das ações
Poucas vezes, analistas de mercado cobram explicações claras de empresas, fora do tradicional calendário de teleconferências trimestrais. Mas, nos últimos tempos, o IRB (IRBR3) é cada vez mais demandado para esclarecer o que, afinal de contas, se passa com seus diretores e, principalmente, com seus números.
O último a cobrar, com todas as letras, uma prestação de contas pública é o BTG Pactual (BPAC11). Em relatório enviado a clientes, nesta terça-feira (26), o banco se queixa da “baixa visibilidade” do que ocorrer nas entranhas da resseguradora.
A última vez que a companhia veio a público foi em março, e a próxima manifestação ocorrerá apenas em 18 de junho, quando divulgar o resultado do segundo trimestre.
Eduardo Rosman, Thomas Peredo e Ricardo Cavalieri, que assinam o relatório do BTG Pactual, lembram que fatos preocupantes vêm se acumulando rapidamente.
O último foi a saída do diretor de controladoria, Paulo da Rocha. Segundo a imprensa, o executivo foi demitido por “fraude contratual”. Embora o IRB confirme seu desligamento, não explicou o motivo.
Rumores
O que se sabe, vendo a empresa de fora, é que quatro dos cinco executivos que assinavam os balanços deixaram o IRB nos últimos meses – Rocha foi o último. O BTG Pactual lembra que resta, agora, apenas um atuário que trabalha ali há 16 anos. Na falta de notícias, o banco presume que ainda esteja por lá.
Outro aspecto preocupante foi a renúncia do Itaú Unibanco (ITUB4) e do Bradesco (BBDC4) aos assentos que mantinham no conselho de administração.
O BTG Pactual acrescenta que a própria Susep, órgão federal responsável por fiscalizar o setor de seguros, admite que é difícil supervisionar as resseguradoras, devido às lacunas da legislação, sobretudo no que se refere a operações no exterior. Esse mercado representa 24% dos negócios do IRB.
O banco apoia a reestruturação conduzida pela nova diretoria, mas cobra explicações. “Achamos que o dia 18 de junho está muito longe.
Seria importante para a empresa (e para suas ações) que realizassem uma teleconferência antes desta data para fornecer um feedback extremamente necessário do que está acontecendo”, dizem os analistas.
Até lá, o banco mantém sua recomendação neutra para os papéis, com preço-alvo de R$ 15. Ainda assim, isso significa um potencial de mais de 100% de valorização sobre a cotação usada como referência pelo banco.