IRB (IRBR3) despenca 33% em setembro e lidera baixas do Ibovespa; oportunidade ou cilada?
Setembro foi um mês difícil para os mercados de ações. Por pouco, o Ibovespa não terminou em queda, seguindo a onda vermelha que arrastou os principais índices globais.
Empresas do setor de alimentos foram penalizadas no mês, com Marfrig (MRFG3) caindo 24,94%, enquanto BRF (BRFS3) e Minerva (BEEF3) acumularam perdas de mais de 18%. O setor de aviação também recuou, tendo CVC Brasil (CVCB3) recuado 17,3%.
Mas foi a resseguradora IRB (IRBR3) que liderou as quedas do Ibovespa em setembro. Com desvalorização acumulada de 32,93% no período, a ação da empresa chegou a bater R$ 1,01 em seu pior momento.
Com a forte correção desta sexta-feira (30), os papéis da companhia se recuperaram para R$ 1,10.
O que aconteceu com IRBR3?
O movimento acelerado de queda recente começou após a precificação de sua oferta pública subsequente de distribuição primária de ações, com esforços restritos de distribuição.
A operação resultou em um preço de R$ 1 por ação, com a emissão de 1,2 milhão de novas ações. Com isso, a oferta totalizou R$ 1,2 bilhão.
A oferta de ações chegou para fazer frente à adequação regulatória junto à Superintendência de Seguros Privados (Susep), após os resultados do segundo trimestre mostrarem solvência abaixo do mínimo regulatório.
Na época, o Inter avaliou a precificação como neutro, uma vez que o preço indicativo era de R$ 2,01 (melhor cenário para o IRB) e o limite era de R$ 0,67 (pior cenário para a resseguradora).
Além da oferta, o IRB levantou recursos com a venda do imóvel onde estava localizada a sede, no Rio de Janeiro, por R$ 85,3 milhões. A resseguradora também anunciou o recebimento de R$ 100 milhões como fechamento do acordo judicial com a Casashopping.
Contribuindo para a derrocada das ações, o IRB divulgou em setembro os dados de suas operações em julho, mostrando novo prejuízo de R$ 58,9 milhões.
É hora de dar uma chance à ação?
Com a forte queda dos papéis, investidores podem se perguntar se o pior para o IRB passou.
Na avaliação de analistas do BTG Pactual, em relatório publicado no mês, o IRB voltou a ficar “investível” após a oferta de ações.
Segundo a instituição, com uma nova equipe, um portfólio reciclado, melhor governança, mais capital e uma marca forte, o IRB pode ser investido novamente.
Os analistas lembram que não há nenhuma outra resseguradora capaz de ocupar o lugar do IRB à frente da indústria brasileira, enquanto o novo capital e uma taxa Selic mais alta devem ajudá-la a se tornar lucrativa de novo.
Apesar disso, o BTG não tem recomendação de compra para o IRB, considerando o risco-recompensa ainda ruim de investir na companhia.
Na visão do banco, mesmo com a venda dos imóveis e a oferta de ações, o lucro líquido do terceiro trimestre ainda trará perdas.
O JPMorgan, no início do mês, elevou a recomendação de compra do IRB para “neutra”, listando três pontos que podem favorecer a empresa nos próximos meses:
- a normalização das perdas rurais, que, segundo o JPMorgan, já foram sentidas;
- o montante de R$ 1,2 bilhão levantado com a oferta de ações, além dos R$ 185 milhões de novos recursos com venda de imóveis;
- os lucros podem voltar no terceiro ou no quarto trimestre de 2022.
O JPMorgan destacou que, após acumular uma forte desvalorização no ano, o IRB negocia a múltiplos mais consistentes.
Já Filipe Fradinho, analista da Empiricus Investimentos, prefere ficar longe da ação.
Na opinião de Fradinho, o IRB é uma empresa que não possui credibilidade, mencionando os episódios envolvendo o megainvestidor Warren Buffett e as fraudes contábeis.
“Estou fora demais. É movido a boatos”, comenta.
Confira as cinco ações do Ibovespa que mais caíram em setembro:
Empresa | Ticker | Desempenho em setembro |
---|---|---|
IRB | IRBR3 | -32,93% |
Marfrig | MRFG3 | -24,94% |
São Martinho | SMTO3 | -19,90% |
Minerva | BEEF3 | -18,83% |
BRF | BRFS3 | -18,74% |
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