IRB (IRBR3): Após a oferta de ações, é hora de comprar?
O IRB (IRBR3) recuperou parte das perdas com a oferta de ações. A ação chegou a subir mais de 7% na sessão desta quinta-feira (8), mas perdeu o fôlego no início da tarde, fechando negociada a R$ 1,21.
Seria esse um indicativo de que o pior para o IRB ficou para trás e é hora de comprar a ação? Segundo o BTG Pactual, não necessariamente.
Em relatório enviado a clientes nesta quinta-feira, o banco rebaixou o preço-alvo da empresa de R$ 1,70 para R$ 1,30.
Porém, os analistas Eduardo Rosman, Thiago Paura e Ricardo Buchpiguel dizem que o IRB voltou a ficar “investível” após a oferta de ações de R$ 1 bilhão.
Com isso, o trio não quer dizer que a recomendação é de compra (o BTG manteve a indicação neutra), mas que com uma nova equipe, um portfólio reciclado, melhor governança, mais capital e uma marca forte, o IRB pode ser investido novamente.
Os analistas dizem ainda que não há nenhuma outra resseguradora capaz de ocupar o lugar do IRB à frente da indústria brasileira, enquanto novo capital e uma taxa Selic mais alta devem ajudá-lo a tornar-se lucrativo novamente.
Fundo do poço?
Apesar da administração do IRB afirmar que o pior já passou, segundo o relatório, a realidade é que esse período de
transição mais difícil está demorando mais do que todos esperavam, enquanto os analistas tem pouca capacidade de prever:
- o momento/ritmo de uma recuperação da lucratividade;
- o novo ROE sustentável;
Para eles, os resultados do terceiro trimestre devem mostrar mais um prejuízo líquido e a BB Seguridade (BBSE3), um de seus principais clientes, está reduzindo sua exposição, prejudicando a capacidade de crescimento de prêmios do IRB.
“O novo CEO e CFO têm ótimos currículos, mas não têm experiência anterior no mercado de resseguros e apesar de um grande desconto na fita, Itaú (ITUB4) e Bradesco (BBDC4) optaram por não aumentar suas participações no IRB, o que teria enviado uma mensagem mais poderosa”, dizem.
Mas por que não comprar?
O BTG ainda não gosta do risco-recompensa de investir no IRB. Na visão do banco, mesmo com a venda de imóveis e a oferta de ações, o lucro líquido do terceiro trimestre ainda trará perdas.
“Embora o follow-on seja um evento chave, não temos boa visibilidade sobre o que esperar. Se perder o grau de investimento, poderá forçar seguradoras e resseguradoras globais a deter mais capital para operar com o IRB, atingindo lucratividade”, argumenta.
Ademais, os analistas pontuam que com todas as incertezas, o risco-retorno só se tornaria mais inclinado para o lado positivo com um grande desconto, o que não é o caso na visão do trio.
“Por isso, preferimos ficar à margem e esperar. Ainda é difícil saber como será o novo IRB (e sua rentabilidade)”, discorrem.
JPMorgan vê ação do IRB menos arriscada
No começo da semana, o JPMorgan elevou a recomendação de IRB de de underweight, que equivale à venda, para neutra.
Segundo o JPMorgan, após desabar 70% do ano, contra alta de 6% do Ibovespa, o IRB negocia a múltiplos mais consistentes.
“Após a recente correção do preço das ações, vemos o IRB sendo negociado a 0,9x BV tangível mais créditos fiscais de VPL, mais consistente em nossa visão com o ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) esperado de longo prazo de 14-18% do negócio”, calcula.