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IRB (IRBR3): Ação tem espaço para cair mais em 2023 ou pior ficou para trás?

27 dez 2022, 9:00 - atualizado em 27 dez 2022, 9:14
IRB Brasil
O Money Times conversou com analistas para entender o que futuro reversa para o IRB (Imagem: IRB Brasil/Linkedin)

O IRB Brasil (IRBR3) não conseguiu virar o jogo em 2022, com o papel derretendo 70% no ano. A queima de caixa constante fez com que a empresa recorresse ao mercado, com oferta de ações no valor de R$ 1 bilhão.

Para 2023, as incertezas continuam, mas o papel parece dar sinais de que chegou ao piso.

Na semana passada, a ação disparou 20% após o lucro em outubro, o primeiro desde janeiro. Nas palavras do BTG, vender IRBR3 pode começar a se tornar mais perigoso, embora a cautela continue.

O Money Times conversou com analistas para entender o que futuro reversa para o IRB.

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Fundo do poço?

Matheus Amaral, do Inter Research, espera resultados melhores em 2023, com a sinistralidade no ramo rural, que afetou o resultado da resseguradora ao longo do segundo e terceiro trimestre, entrando em normalidade.

“O desafio para a companhia será de manter uma boa evolução nos prêmios emitidos no Brasil para compensar a estratégia de redução de exposição no exterior”, destaca.

Além disso, ele lembra que a resseguradora ainda sente resquícios de contratos não renovados desde o início da reestruturação, que ainda impactam a sinistralidade, mas que devem reportar um efeito menor no ano que vem.

Por outro lado, Amaral ressalta que a companhia continua sensível a novos prejuízos, dado que a solvência regulatória segue apertada, mesmo após follow-on, não dando muita margem para eventos de estresse como ocorrido no ramo rural em neste ano.

“É difícil falar que a ação chegou ao piso, acreditamos que o preço reflete os lucros da companhia e a capacidade de gerar valor, enquanto a situação continuar turva quanto a melhores resultados, os preços devem sofrer pressão”, observa.

Para Leo Dutra, da Invius Research, enquanto os contratos de cauda longa continuarem com impactos significativos no resultado da empresa, “não devemos ter uma perspectiva tão positiva para os próximos meses”.

O que IRB precisa para respirar?

De acordo com o analista do Inter, a recuperação do IRB dependerá de uma menor sinistralidade e prêmios no Brasil em crescimento com qualidade nos contratos.

“Em termos de precificação, as resseguradoras internacionais costumam negociar a 1 vez o patrimônio líquido e o mercado monitora esse múltiplo. Dado o risco da companhia e os prejuízos recentes, há um desconto que faz sentido. A companhia precisa reportar resultados com sinais mais sólidos de que não terá novos prejuízos”, argumenta.

Já Dutra coloca que os resultados dos próximos balanços serão importantes para entender se as medidas que vêm sendo tomadas vão repercutir para a empresa.

“Mas acredito que será um processo mais longo”, completa.

Novo aumento de capital será necessário?

Em relatório, o BTG destaca que, após a pesada perda líquida do terceiro trimestre, o aumento de capital de R$ 1 bilhão pode ser insuficiente.

“A empresa continua com uma posição de solvência/capital muito apertada, o que a levou a ser rebaixada pela S&P, e a situação pode piorar se o IRB for rebaixado novamente, desta vez pela AM Best, ou mesmo outro degrau pela S&P”, prevê.

No começo do mês, a agência rebaixou o rating do IRB de AAA para AA, com perspectiva negativa.

Assim, caso não apresente resultados positivos nos próximos meses, será necessário outro aumento de capital no início de 2023, prevê o BTG.

Se isso ocorrer, a empresa terá que enfrentar mais uma tempestade.

“Existe o risco de se fazer necessária uma nova emissão de ações, caso os índices de liquidez do IRB se desenquadrem novamente nos próximos trimestres, o que causaria nova diluição dos acionistas que não participarem da eventual subscrição”, prevê o BB Investimentos, que possui recomendação de venda para a companhia.

De acordo com a corretora, o plano de recuperação do IRB continua encontrando severos desafios para se concretizar.

“Mesmo após a mudança de administração em 2020, os sucessivos prejuízos, impulsionados principalmente pela alta sinistralidade dos ramos vida e rural, seguem dificultando nossa visibilidade a respeito da operação da companhia”, discorre.

Já o Santander diz que o acompanhamento recente do IRB é suficiente para cobrir os requisitos de capital durante 2023, evitando mais problemas de solvência.