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IRB: falta de confiança nas contas da companhia pesa, e é melhor pular fora das ações

31 ago 2020, 18:38 - atualizado em 31 ago 2020, 18:38
IRB IRBR3
A ausência de visibilidade ainda é um fator de risco, assim como a reavaliação dos contratos, que continua em andamento e deve se estender por mais alguns meses (Imagem: Google Maps)

Parece que os resultados do IRB Brasil (IRBR3) não agradaram mesmo. Após a Guide Investimentos e a XP Investimentos receberem mal os números reportados pela resseguradora, foi a vez do BTG Pactual (BPAC11) e do Safra comentarem sobre o desempenho da companhia no segundo trimestre do ano.

Entre abril e junho de 2020, o IRB registrou prejuízo líquido de R$ 685,1 milhões contra um lucro de R$ 397,5 milhões reportado no mesmo intervalo de 2019, impactado pelos efeitos cambiais e pelo coronavírus.

Para Eduardo Rosman e Gustavo Peredo, membros da equipe de análise do BTG, o saldo negativo não surpreende, já que a empresa antecipou no início de agosto que o balanço seria ruim.

Ainda assim, os números decepcionaram o banco, que continua cauteloso com o IRB em razão da baixa visibilidade sobre o poder de ganho e o balanço patrimonial da companhia.

“Apesar da ‘limpa’ no balanço, ainda temos duas perguntas: qual é o tamanho real do patrimônio do IRB (não desconsideramos mais reajustes pela frente) e qual é o novo ROE [retorno sobre o patrimônio líquido] normalizado, especialmente em um cenário de taxas de juros mais baixas?”, questionaram Rosman e Peredo.

Na avaliação de Luis F. Azevedo Analista e Silvio Dória, analistas do Safra, o principal destaque do trimestre foi o aumento considerável de reivindicações, o que levou a uma taxa de perda de 135%.

Azevedo e Dória adotaram premissas mais conservadoras após a divulgação dos resultados, mas não descartaram a possibilidade dos ganhos voltarem a crescer no próximo ano.

“Os ganhos recorrentes devem permanecer em um nível negativo neste ano (a -R$581 milhões) devido aos resultados fracos do primeiro semestre, mas esperamos uma retomada em 2021 (com ganhos alcançando R$ 489 milhões, representando um ROAE [retorno sobre o patrimônio líquido anualizado] de 9,1%)”, avaliaram os analistas.

Riscos

Tanto o BTG quanto o Safra reiteraram a recomendação neutra para o papel, com preços-alvos de, respectivamente, R$ 9 e R$ 7,80.

A ausência de visibilidade ainda é um fator de risco, assim como a reavaliação dos contratos, que continua em andamento e deve se estender por mais alguns meses.

O Safra destacou que os reajustes podem levar a novas perdas, o que obrigaria a resseguradora a promover mais rodadas de aumento de capital, como a que foi homologada pelo conselho de administração da companhia nesta segunda-feira (31), no montante de R$ 2,3 bilhões.