IRB está longe de ser uma pechincha, mesmo derretendo quase 30% na Bolsa
Tudo indica que o IRB (IRBR3) encerrará seu terceiro pregão consecutivo com uma estrondosa queda. Às 16h36, as ações recuavam 10,77% e eram cotadas a R$ 9,11. Isso significa que, em apenas três dias, a resseguradora perdeu quase 30% de seu valor de mercado.
Até a quarta-feira (1), a companhia já havia perdido cerca de R$ 2 bilhões de valor de mercado. Mas, isso não quer dizer que o papel já está barato, a ponto de estimular um movimento de compra.
A avaliação é do Banco Safra, em relatório assinado por Luis Azevedo e Silvio Doria. O banco retomou a cobertura do IRB com recomendação neutra e preço-alvo de R$ 9,5.
“Embora pareça que o pior já passou e a maior parte dos ajustes contábeis já foram registrados, isso não significa que o IRB voltará aos elevados níveis de ROE tão cedo”, dizem.
Maus negócios
A dupla explica que, com base nos números do primeiro trimestre, o IRB parece carregar um portfólio de apólices pouco rentáveis, concentradas em operações no exterior. O impacto dessa carteira demorará a se esvanecer.
Além disso, a redução da taxa básica de juros (Selic) ao menor nível da histórica e os investimentos mais conservadores impedirão que os resultados financeiros contribuam de modo relevante para a lucratividade da resseguradora.
Ao ajustar seu modelo, conforme as expectativas para o restante do ano, o Safra concluiu que o lucro líquido deve ser de R$ 597 milhões, uma cifra 69% menor que a estimada inicialmente.
O ROAE (retorno sobre patrimônio líquido ajustado, na sigla em inglês) seria de 12,7%, bem abaixo dos 40% do que o Safra chamou de “anos dourados” do IRB.
Múltiplos
A análise dos múltiplos também não melhora a situação.
Considerando-se o retorno esperado, o Safra calcula que, após o aumento de capital em estruturação e a consequente diluição dos atuais acionista, as ações do IRB serão negociadas por 2,3 vezes P/VP (preço sobre valor patrimonial), ou 18,6 vezes o P/L (preço sobre lucro).
“Isso não é, necessariamente, uma barganha”, avisa o Safra.
A avaliação engrossa o coro de analistas que rebaixaram as projeções para a resseguradora. Para o Credit Suisse, as ações deveriam valer R$ 7,50. O preço-alvo anterior estimado pelo banco suíço era de R$ 43. A recomendação para os papéis passou de neutra para underperform (venda).