IRB continua a surpreender (negativamente) os mercados
O IRB (IRBR3), mais uma vez, surpreendeu negativamente os analistas, que esperavam números mais fortes no segundo trimestre.
Após leve respiro no primeiro trimestre, com lucro líquido de R$ 50 milhões, a seguradora voltou para o vermelho, com valor negativo de R$ 206 milhões. O consenso do mercado indicava prejuízo de R$ 10 milhões.
Com isso, por volta das 13h15, os papéis da companhia caiam 4,03%, a R$ 5,23. Mais cedo, as ações chegaram a tombar 7%, atingindo a sua mínima histórica.
Segundo a Genial Investimentos, em um ano em que se esperavam cifras melhores e mais consistentes, o IRB continua a apresentar números voláteis.
“A reestruturação ainda impacta a empresa, com custos com carteiras passadas (runoff) e processo de limpeza (reunderwritring). Apesar de uma perspectiva de melhora gradual, essa volatilidade continuará atrapalhando os resultados desse ano”, afirma.
Para os analistas Eduardo Nishio e Bruno Bandeira, o principal impacto no resultado vem das despesas com sinistros, que estão em “patamares elevadíssimos”. Mas, além disso, a empresa também reportou índices de despesas altos relacionados a impostos e outros custos.
“Os prêmios emitidos da companhia continuam rodando a patamares fracos, provavelmente perdendo participação de mercado, muito por conta da desaceleração dos prêmios internacionais”, completam.
Na visão do Safra, o IRB teve outro resultado fraco. A expectativa do banco era de lucro de R$ 12 milhões.
Em relação à sinistralidade, os analistas Luis F. Azevedo e Silvio Dória afirmam que apesar de manter a sua trajetória de queda, é necessário lembrar a base de comparação mais fraca que, mesmo assim, fica bem acima das projeções.
As despesas administrativas subiram 43% no ano, para R$ 106 milhões, ainda pressionadas por eventos não recorrentes (recolhimento de multas de PIS e Cofins por regularização de tributos).
“Em suma, o resultado do IRB foi negativo. A companhia continua reportando perdas significativas de seu legado de contratos ruins que estão sob renegociação e de processo de descontinuação”, completam.
Recuperação?
Mesmo com os números fracos, a carta regulatória da Susep irá beneficiar o IRB nos próximos semestres. Com isso, a resseguradora eliminará a margem de liquidez de 20% do capital de risco, com a empresa podendo definir internamente os mecanismos de gestão e mensuração do risco de liquidez.
Além disso, há a possibilidade de aumento dos ativos aptos dados em garantia para cobertura das provisões técnicas nas operações.
O Safra também afirma que os números do IRB sugerem uma tendência de recuperação, principalmente olhando para o resultado ajustado.
“Ainda aguardamos uma melhor visibilidade dos resultados, que pode vir no próximo ano”, diz.
Tanto o Safra quanto a Genial possuem recomendação neutra para ações, com preço-alvo de R$ 7,8 e R$ 6,4, respectivamente.