IRB conclui investigação sobre falsa participação de Buffett e detecta fraude de R$ 60 milhões
A IRB Brasil (IRBR3) informou nesta sexta-feira (26) a conclusão da investigação independente feita pela KPMG Assessores e pela Felsberg Advogados sobre a divulgação de informações inverídicas quanto à base acionária da companhia.
No fim de fevereiro deste ano, foi veiculado pela Coluna Broadcast do Estadão que a empresa de Warren Buffett, Berkshire Hathaway, tinha triplicado sua fatia na companhia, o que levou à alta relevante das ações nos dias seguintes. Em 3 de março, Buffett publicou uma nota negando ter qualquer participação acionária na empresa.
A investigação da KPMG e da Felsberg identificou os responsáveis por disseminar informações falsas sobre a Berkshire Hathaway. Segundo a IRB, as pessoas envolvidas no caso estavam fora de seus mandatos e de seus poderes regulares de gestão quando a notícia foi divulgada.
Paralelamente, a nova diretoria da companhia detectou irregularidades no pagamento de supostos bônus a ex-diretor e outros colaboradores da empresa e suas controladas, no montante de R$ 60 milhões.
“Em fevereiro e março de 2020, foram realizadas operações de recompra de ações da companhia que ultrapassaram as quantidades autorizadas pelo conselho de administração em 2,850 milhões de ações”, comentou a IRB. Os responsáveis pela fraude foram afastados.
A IRB apresentou todas as conclusões da investigação para o Ministério Público Federal, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e a Superintendência de Seguros Privados (Susep).
“A companhia irá colaborar com as investigações que vierem a ser conduzidas pelas autoridades competentes, fornecendo os devidos esclarecimentos, informações e documentos que se fizerem necessários. Do mesmo modo, a companhia tomará as devidas providências legais a fim de se ressarcir de todos os prejuízos que lhe foram causados por condutas irregulares cometidas pelos indivíduos envolvidos”, afirmou.
Cautela
O conselho da IRB aprovou na última sexta-feira (24) a possibilidade para a deliberação sobre o aumento de capital da companhia, a flexibilidade na composição da diretoria executiva e a criação de uma reserva de lucros estatutária.
Na avaliação da XP Investimentos, a primeira medida é negativa, pois poderia implicar em uma emissão primária de capital para resolver, entre outros problemas, a liquidez com a Susep. Isso acabaria diluindo os acionistas atuais em um momento em que a ação está historicamente baixa.