IRB Brasil derrete 32% e perde mais de R$ 8 bilhões em valor de mercado
As ações do IRB (IRBR3) chegaram a desabar mais de 40% nesta quarta-feira, em meio a uma crise da confiança disparada após a Berkshire Hathaway afirmar que não é acionista da resseguradora brasileira e nem pretende ser. O movimento ampliava as perdas dos papéis da companhia em 2020 para mais de 50%.
Os papéis do IRB acabaram fechando o dia em queda de cerca de 32%, a 18,98 reais, tendo alcançado na mínima da sessão 16,31 reais, menor patamar intradia desde agosto de 2018.
O tombo das ações da companhia, que tem entre os maiores acionistas a Bradesco Seguros (15,2%) e Itaú Seguros (11,1%), representa uma perda de cerca de 8 bilhões de reais em valor de mercado em relação ao fechamento de terça-feira e de pouco mais de 18 bilhões de reais no acumulado do ano.
“A Berkshire Hathaway não é atualmente acionista do IRB, nunca foi uma acionista do IRB e não tem intenção de ser acionista do IRB”, afirmou a empresa de investimentos do bilionário norte-americano em comunicado, citando notícias que circularam na mídia recentemente nesse sentido.
Na última semana do mês passado, o jornal O Estado de S. Paulo publicou que a Berkshire Hathaway, holding de investimentos do bilionário Warren Buffett, havia praticamente triplicado a fatia que detinha na resseguradora em fevereiro. No dia da divulgação da notícia, a ações do IRB fecharam em alta de 6,6%.
Em comunicado ao mercado na véspera, o IRB Brasil RE disse que “nunca afirmou que tal grupo fosse seu acionista”, mas analistas relataram nesta quarta-feira que executivos da empresa disseram, em uma teleconferência na última segunda-feira, que o grupo norte-americano era um investidor da companhia
“Em determinado momento, quando questionados sobre a participação da Berkshire na base de acionistas do IRB, os executivos disseram que têm uma relação próxima com o Sr. Ajit Jain, homem forte da Berkshire Hathaway e responsável pela operação de seguros da holding americana”, afirmou a Eleven Financial.
“Afirmaram, ainda, que a Berkshire é cliente e uma das retrocessionárias do IRB desde a época do IPO e que depois, passaram a ser investidores e, recentemente, aumentaram a posição via Berkshire Hathaway International Insurance”, disse a casa de análise em relatório a clientes, assinado pelo co-chefe de renda variável Carlos Daltozo.
De acordo com analistas do Credit Suisse, a sinalização de investimentos da Berkshire no IRB havia sido vista de forma positiva pelo mercado, indicando confiança na empresa brasileira, conforme nota a clientes da corretora do banco.
No final da manhã desta quarta-feira, o IRB comunicou ao mercado que conselho de administração da empresa se reuniu às 8h e determinou à diretoria a realização de uma “análise criteriosa” de sua base acionária.
Incerteza
Informações conflitantes relacionadas à cronologia da saída de Monteiro, bem como as razões que o fizeram deixar a resseguradora também adicionavam insegurança aos investidores, conforme agentes financeiros ainda digerem questionamentos recentes da gestora Squadra em relação às informações financeiras divulgadas pelo IRB.
“Após as cartas de uma gestora questionando as práticas contábeis da resseguradora e a saída de Ivan Monteiro da presidência do conselho de administração, a notícia de que Buffett não elevou sua participação, e nem mesmo é acionista da empresa, deve exercer forte pressão e elevar, ainda mais, o nível de incerteza sobre o ativo”, disse a Guide Investimentos.
Enquanto isso, analistas do Bank of America Securities colocaram nesta quarta-feira em revisão a recomendação de ‘compra’ que fizeram na segunda-feira para as ações do IRB Brasil. Na ocasião, os analistas tinham reiterado o call e elevaram o preço-alvo da ação da resseguradora a 44 reais. Mas nesta quarta-feira eles alertaram os investidores que não utilizem mais suas previsões e recomendações anteriores sobre a resseguradora.
“Após mensagens conflitantes sobre a renúncia do presidente do conselho de administração e da participação da Berkshire Hathaway no IRB, bem como questões sobre contabilidade que resultaram na contratação da Ernst & Young pelo IRB para auditar os resultados ao lado da PwC, não temos mais certeza de que temos uma base razoável para avaliar o IRB.”
(Atualizada às 18h29)