Irã x Estados Unidos: as flores de 1998 conseguiriam aplacar as tensões de hoje?
Quis o destino que Irã e Estados Unidos se enfrentassem na última rodada do Grupo B da Copa. O caráter da partida, que ocorre hoje às 16h, é eliminatória, ou seja, o vencedor assegura uma vaga para as oitavas de final. O perdedor, o caminho do aeroporto para casa.
Mas a tensão construída para essa partida não recai somente sobre a possibilidade ou não da classificação de um ou outro time. Rompidos diplomaticamente desde 1979, ano em que a Revolução Iraniana fechou às portas do país para o Ocidente, EUA e Irã não foram poucas às vezes que o conflito armado e direto entre as nações se tornou um risco real.
A última das feridas dessa relação aconteceu há menos de três anos, quando e então presidente Donald Trump ordenou o assassinato do general-major da Guarda Revolucionária, Qassem Soulemani, em um aeroporto do Iraque. A morte do líder gerou juras de uma vingança “inevitável”, como declarou o líder supremo do Irã em 2021.
Sob os olhares ansiosos do mundo, cabe aos jogadores titulares de Irã e dos Estados Unidos o contato mais próximo das nações em muito tempo.
Familiares de jogadores do Irã ameaçados
Na última vez que se enfrentaram em uma Copa do Mundo, há 24 anos, a seleção iraniana desafiou as ordens do líder Ali Khamenei ao caminhar em direção aos americanos e cumprimentá-los, um rito previsto pelo protocolo da Fifa.
O time persa não só apertou mãos como entregou à seleção adversária um buquê de flores brancas a cada atleta norte-americano, em gesto pela paz entre as nações. Ao final do jogo, vencido pelo Irã, foi retribuído pela seleção dos EUA, com uma foto em conjunto dos atletas.
Agora, na Copa do Catar, uma situação semelhante pode estar se desenhando. Segundo noticiado pela CNN, familiares da seleção iraniana estariam sendo ameaçados de prisão e tortura, caso os jogadores procedam da mesma maneira que a geração de 1998.
As ameaças, segundo a fonte ouvida pela emissora, também estariam relacionadas ao fato dos jogadores do Irã não terem cantado o hino nacional do país antes das partidas contra Inglaterra e País de Gales.
A atitude dos atletas demonstrou apoio aos protestos que ocorrem no país, após a morte de Mahsa Amini, jovem de 22 anos, ocorrida em outubro. A menina, detida por não utilizar o seu hijab de maneira correta, apareceu morta dias após, sob suspeita de espancamento. De lá para cá, mais de 300 pessoas morreram durante as jornadas.
Pedido de expulsão da seleção dos EUA
Os protestos no Irã também foram lembrados pela federação americana de futebol. A US Socer colocaram nas redes sociais uma tabela de classificação em que a bandeira do Irã aparece editada, sem o símbolo da República Islâmica. A US Soccer disse que o ato era uma forma de crítica ao fundamentalismo e um apoio às mulheres do Irã.
A reação do Irã não demorou muito a ocorrer. Um advogado do time nacional informou que protocolará um pedido formal de expulsão dos EUA no Mundial.
Em avaliação feita a uma agência estatal iraniana, o representante disse que o gesto dos americanos é um desrespeito à bandeira nacional e poderia ser passível de uma suspensão de 10 jogos.
Siga o Money Times no Linkedin!
Fique bem informado, poste e interaja com o Money times no Linkedin. Além de ficar por dentro das principais notícias, você tem conteúdo exclusivo sobre carreira, participa de enquetes, entende sobre o mercado e como estar à frente no seu trabalho. Mas não é só isso: você abre novas conexões e encontra pessoas que são uma boa adição ao seu network. Não importa sua profissão, siga o Money Times no Linkedin!