IPOs: Ibovespa acima dos 130 mil pontos destravaria ofertas de ações, dizem gestores
Uma nova temporada de ofertas públicas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês) só deve ser aberta, quando o Ibovespa superar os 130 mil pontos. Na prática, isso significa que o principal índice da Bolsa ainda precisa subir (e sustentar) uma alta de 12,76% em relação ao fechamento de sexta-feira (8), para que os IPOs retornem.
Essa é a conclusão de uma reportagem do Estadão Conteúdo, que ouviu gestores de fundos de ações. O problema é que ninguém tem certeza de que o Ibovespa ultrapasse esse patamar ainda neste ano. O próprio mercado não se entende sobre a alta potencial do índice no curto prazo.
- De olho no curto prazo, a Empiricus Research excluiu as ações do Magazine Luiza de sua carteira mensal. No lugar, a casa de análise optou por incluir a rival que engata movimento contrário à fase ruim de muitos players do setor de varejo. Saiba mais aqui.
Os mais otimistas, como a XP Investimentos, estimam que o benchmark da Bolsa brasileira encerre o ano em 133 mil pontos, puxado pela queda da taxa básica de juros, a Selic. A gestora vai além, e já projeta um estirão até os 145 mil ou 155 mil pontos no ano que vem.
Outros, mais pessimistas, veem uma pequena valorização do Ibovespa no restante de 2023. É o caso do Banco Inter, que estima uma alta até os 118 mil pontos até dezembro. Para os analistas do Inter, o maior obstáculo para uma aceleração da Bolsa é a pressão sobre as commodities, como minério de ferro e petróleo, em função da desaceleração da economia chinesa.
Como se sabe, as commodities têm grande peso no Ibovespa, representadas pelas ações da Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4), as empresas com maior participação no índice.
Ibovespa e IPOs: Por que alta é necessária?
Segundo o Estadão Conteúdo, a preocupação dos gestores com uma alta consistente da Bolsa, capaz de sustentá-la acima dos 130 mil pontos, é baseada principalmente em três pontos.
O primeiro é incentivar os acionistas controladores de candidatas a IPOs a venderem pedaços de suas empresas por preços atrativos. Afinal, nenhum empresário gostaria de vender parte de seu negócio por um preço baixo – e a alta do Ibovespa seria um sinal de que o mercado estaria disposto a pagar um valor justo pelas ações.
O segundo motivo é que um nível maior da Bolsa facilitaria o valuation, isto é, a precificação dos futuros IPOs. Diante das constantes quedas dos últimos meses, os gestores têm dificuldade para comparar estreantes sem histórico de negociações com veteranas do mercado – já que as veteranas estão apanhando por toda a conjuntura.
Por fim, a alta do índice seria um sinal de que os investidores voltaram para a renda variável, depois de se refugiarem na renda fixa anabolizada pelos juros altos. E, quando se fala de investidores de IPOs, os mais esperados são os estrangeiros, que costumam comprar a maioria das ações nessas operações.
O Estadão Conteúdo lembra que, apenas em agosto, o saldo líquido (compras menos vendas) dos estrangeiros na Bolsa brasileira ficou negativo em R$ 13 bilhões.