BR Distribuidora

IPO da BR Distribuidora: “Tá ruim, mas tá bom”

14 dez 2017, 12:33 - atualizado em 14 dez 2017, 12:39

Petrobras

O IPO da BR Distribuidora (BRDT3) não conseguiu arrancar suspiros do mercado. O valor por ação ficou no piso do estimado pelos coordenadores da oferta, de R$ 15 a R$ 19, o que resultou em um avaliação de mercado de R$ 17,5 bilhões e em aproximadamente R$ 4,4 bilhões (US$ 1,3 bilhão) para os bolsos da Petrobras (PETR3; PETR4). As ações estreiam na sexta-feira (15) na B3.

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Mas o que representa este chega pra lá do mercado na estatal? Desde o início das conversações sobre a operação, os investidores pediam que a Petrobras vendesse uma fatia que a tirasse do controle, o que acabou não acontecendo. Foi o primeiro e talvez mais importante ponto desfavorável para a precificação.

Mesmo com a grande participação de mercado de distribuição de combustíveis, com 29% até setembro, líder em postos e na aviação, os números operacionais são vistos como tímidos para uma companhia com tamanho controle do setor. Enquanto a margem Ebitda neste período, por exemplo, foi de 3%, a da Ipiranga chegou a 4,5%.

O desinteresse chegou até a por em xeque o avanço da operação, tendo em vista que a concretização do negócio, mesmo com preços deprimidos, agora é comemorada. Para o Credit Suisse, o mercado teria mostrado relutância em pagar adiantado por ganhos de eficiência e expansão dos lucros.

“Em nossa opinião, agora que a BR está listada, ela estará exposta ao escrutínio do mercado, o que pode levar a empresa a aumentar sua agilidade. Esses incentivos de mercado, combinados com autonomia de gerenciamento e melhor governança corporativa, podem levar a ganhos de eficiência e potencialmente novas rotas de expansão”, dizem os analistas Andre Natal e Regis Cardoso.

Petrobras

Para a estatal, apesar de a venda ter sido feita a um preço baixo, os recursos irão ajudar em seu ambicioso plano de desinvestimentos de US$ 21 bilhões até o final de 2018. Além disso, como ressalta o relatório do Credit Suisse, a Petrobras agora possui um ativo que está mais líquido e que pode trazer mais retorno com o aumento da eficiência, dado que 75% da BR ainda está nas mãos dela.

Os analistas calculam que para cada 10 pontos-base de redução na enorme dívida da Petrobras, o valor patrimonial da Petrobras cresce em US$ 450 milhões. Em contrapartida, um avanço de 10% na avaliação do IPO da BR “só” traria um valor adicional de US$ 130 milhões.

“Portanto, mesmo uma melhora tímida na percepção de risco pode ser mais acentuada do que impulsionar a avaliação do IPO para cima. Assim, no geral, a Petrobras realizou um novo marco, aumentou a liquidez e um novo veículo para potencial criação de valor futuro está agora disponível”, concluem Natal e Cardoso. Ou seja, “tá ruim, mas tá bom”.

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