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Ipiranga pede que remédio proposto para compra da Ale seja aceito pelo Cade

02 ago 2017, 16:01 - atualizado em 05 nov 2017, 13:59

A advogada da Ipiranga, Bárbara Rosenverg, disse que a empresa propôs um acordo “forte” em troca da aprovação da compra da Alesat pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). “Se aprovado, será o acordo mais radical e intervencionista da história do Cade. Vai muito além das preocupações do Cade, mas decidimos propor para chegar a um consenso”, afirmou.

Segundo Bárbara, a proposta mantém um quarto player forte no mercado de combustíveis e garante acesso de postos bandeira branca à distribuição, duas preocupações do conselho com a fusão. A advogada disse ainda que a Alesat não pode ser considerada a quarta distribuidora brasileira, uma vez que, para ela, o mercado de combustíveis não é nacional. Ela ressaltou que a Ale só ocupa posição de destaque em Minas Gerais e no Rio Grande do Norte, onde teve origem.

“As informações e dados que existem hoje deixam claro que a proposta de aquisição é incapaz de alterar o padrão de concorrência em qualquer segmento”, garantiu.

Barbara rebateu os argumentos da superintendência do Cade de que o conselho deve analisar os impactos da operação no mercado nacional de combustíveis. “O parecer da superintendência rompeu com jurisprudência de mais de uma década alegando que o mercado de combustíveis seja nacional. A dinâmica do mercado de distribuição tem uma questão necessariamente regional”, afirmou.

Concorrentes

O advogado Mário André de Cabral, da Refinaria de Manguinhos, que é concorrente da Ale e da Ipiranga, defendeu que a operação deve ser reprovada. Ele afirmou que o negócio é um risco para os postos de bandeira branca, já que a Alesat tem como parte de sua estratégia comercial o fornecimento de combustível a esses postos.

“A Alesat tem presença nacional, marca posta e reputação estabelecida, com forma de se portar no mercado diferente, com preços mais agressivos e contratos mais flexíveis. Se for aprovada, os níveis de rivalidade no mercado certamente serão afetados”, afirmou.

Para Cabral, a operação piora os níveis de concentração do mercado e as barreiras de entrada a novos players. Ele defendeu que, caso o Cade entenda pela aprovação do negócio, sejam determinadas medidas como venda de bases de abastecimento primárias e garantia de fornecimento a postos bandeira branca.

(Por Lorenna Rodrigues e Karin Sato)