Economia

Ipea: Veja quem sentiu a deflação e quem viu os preços subirem

18 jul 2023, 10:46 - atualizado em 18 jul 2023, 10:46
supermercado
Junho trouxe dados de deflação nos preços dos bens e serviços, exceto para famílias de renda alta (Imagem: REUTERS/Sergio Moraes)

O Indicador Ipea, que informa a inflação por Faixa de Renda, apontou deflação no mês de junho para as famílias de renda baixa e média. Todas as famílias, com exceção da classe de renda alta, apresentaram deflação nos preços dos bens e serviços.

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), informou que, na média, os preços consumidos pela faixa de renda muito baixa desaceleraram 0,16%. Já a faixa de renda alta, por outro lado, avançou 0,10% na inflação, impulsionada pelos reajustes nos preços dos serviços relacionados à habitação.

No acumulado do ano até junho, a faixa de renda muito baixa apresentou a menor taxa de inflação (2,48%), enquanto a de renda média-alta registrou a maior taxa (3,06%). Confira a tabela abaixo:

Faixa de renda Deflação
Junho Ano 12 meses
Renda muito baixa -0,16% 2,48% 3,38%
Renda baixa -0,12% 2,68% 3,23%
Renda média-baixa -0,11% 2,84% 2,96%
Renda média -0,09% 2,95% 3,00%
Renda média-alta -0,08% 3,06% 3,24%
Renda alta 0,10% 3,02% 4,13%

(Fonte: Ipea)

Conforme a tabela, nos últimos 12 meses, a menor taxa de inflação veio da faixa de renda média-baixa (2,96%), enquanto a maior veio da faixa de renda alta (4,13%). A inflação acumulada nos últimos 12 meses para as famílias com renda muito baixa foi de 3,38% até junho.

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Grupos que trouxeram alívio inflacionário

De 16 grupos de alimentos, 11 apontaram deflação. Confira a tabela:

Alimentos Preços
Cereais -1,8%
Carnes -2,1%
Leites e derivados -1,3%
Óleos e gorduras -5,3%
Frutas -3,4%
Hortaliças -3,8%
Tubérculos -0,76%

Esses alimentos contribuíram para que a queda dos preços ocorresse em junho, sendo o maior peso em cestas de consumo, principalmente para famílias de renda mais baixa. A deflação dos alimentos no domicílio trouxe um alívio reduzido para as faixas de renda mais altas, já que, para estas, o grupo pesa menos no orçamento.

A queda dos preços do grupo de transportes também apontou deflação em junho, reflexo da deflação de 1,9% dos combustíveis. O aumento das passagens aéreas (11%) foi parcialmente anulado pelo efeito da queda nos preços dos combustíveis, reduzindo o impacto baixista do grupo de transportes para as faixas mais altas.

Em contrapartida, os preços dos eletroeletrônicos (1,2%) e artigos de cama, mesa e banho (1,6%), do grupo de artigos de residência, foram os únicos a não reagir positivamente contra a deflação, para nenhuma faixa de renda.

Por fim, a principal pressão sobre o grupo de habitação veio dos reajustes nas tarifas de energia elétrica (1,4%), água e esgoto (1,7%) e condomínio (1,7%), grupo este que teve a maior contribuição para a deflação no mês de junho. Essa contribuição foi ainda maior para as faixas de renda mais altas, apesar do pouco benefício para essas faixas na queda dos preços do botijão de gás (-3,8%).

Comparativo anual

Segundo o Ipea, em relação ao mesmo período de 2022, houve um alívio inflacionário para todas as faixas de renda, sendo um alívio ainda maior para as faixas de renda mais baixas. 

As deflações nos grupos de alimentos no domicílio (1,1%) e de combustíveis (1,9%) para as famílias de faixas de renda mais baixas, ficaram abaixo das taxas registradas no mesmo período de junho no ano passado, sendo 0,63% em alimentos no domicílio e -1,2% em combustíveis.

O grupo de transportes foi o principal fator para o alívio inflacionário nos últimos 12 meses para todas as faixas de renda, devido à queda nos preços de combustíveis (26,4%).