Economia

IPCA tem deflação de 0,04% em setembro; resultado mais fraco para o mês em 21 anos

09 out 2019, 10:06 - atualizado em 09 out 2019, 10:07
No acumulado de 12 meses até setembro, o IPCA teve alta de 2,89%, contra alta 3,43% do mês anterior (Imagem: David Paul Morris/Bloomberg)

O Brasil registrou deflação em setembro pela primeira vez em 10 meses, no resultado mais fraco para o IPCA no mês em 21 anos e indo abaixo de 3% no acumulado em 12 meses, no momento em que o Banco Central indica continuidade da trajetória de redução dos juros.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou a cair 0,04% em setembro, de alta de 0,11% em agosto, de acordo com os dados divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Esse é o resultado mais fraco para meses de setembro desde 1998, e a primeira deflação desde novembro do ano passado, quando houve queda de 0,21% no IPCA.

A leitura levou a inflação em 12 meses até setembro a 2,89%, de 3,43% no mês anterior, contra meta para este ano de 4,25% com variação de 1,5 ponto percentual. Essa é a menor taxa nessa base de comparação desde maio (+2,86%)

As expectativas em pesquisa da Reuters com analistas eram de variação positiva de 0,03% em setembro, acumulando em 12 meses avanço de 2,97%.

Os dados mostraram que três dos nove grupos pesquisados tiveram queda de preços em setembro. A maior contribuição negativa foi dada por alimentação e bebidas, com deflação de 0,43%.

Esse recuo foi resultado principalmente da alimentação fora de casa, cuja alta passou de 0,53% em agosto para 0,04% em setembro.

Serviços Restaurante
Alimentação fora de casa, cuja alta passou de 0,53% em agosto, recua para 0,04% em setembro (Imagem: Reuters/Marko Djurica)

Os preços de Artigos de residência caíram 0,76% com recuo de 2,26% dos eletrodomésticos e equipamentos, enquanto Comunicação recuou 0,01%.

“A melhora do clima ajudou na oferta de alimentos como raízes e tubérculos. Houve ainda uma onda de descontos de aparelhos de som e tevê”, explicou o gerente da pesquisa Pedro Kislanov da Costa.

“O que a gente nota é que pode estar havendo uma redução de preços por conta de uma demanda menor”, acrescentou.

Na outra ponta, Saúde e cuidados pessoais teve o maior impacto impositivo ao subir 0,58% no mês, uma vez que os itens de higiene pessoal tiveram alta de 1,65%.

Costa ainda destacou a variação positiva de apenas 0,04% de serviços em setembro, dizendo que essa leitura “mostra como está a demanda também refletindo cenário de uma economia que se movimenta de forma lenta e gradual”.

Depois de cortar a taxa básica de juros Selic em 0,50 ponto percentual, para 5,50% ao ano, o BC vem repetindo que há espaço para novo afrouxamento mesmo com o movimento recente do câmbio.

De acordo com o BC, a inflação acumulada em 12 meses deve recuar, mas voltará ao fim do ano para níveis próximos aos observados até agosto.

A pesquisa Focus realizada pela autarquia mostra que a expectativa do mercado é de que o IPCA termine este ano com alta de 3,42%.

“A meta de inflação está cumprida e agora é ver quanto vai sobrar da meta”, completou Costa.

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