Economia

IPCA sobe 0,89% em novembro na maior alta para o mês em 5 anos

08 dez 2020, 10:32 - atualizado em 08 dez 2020, 10:33
Consumo Supermercado Atacado
O dado veio acima da expectativa de analistas e marcou a maior inflação para o mês desde 2015, quando o IPCA foi de 1,01% (Imagem: Reuters/Pilar Olivares)

Sob a pressão do aumento dos preços de alimentos e da gasolina, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve em novembro a maior alta do ano, de 0,89%, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira.

O dado veio acima da expectativa de analistas e marcou a maior inflação para o mês desde 2015, quando o IPCA foi de 1,01%.

No acumulado em 12 meses, o índice teve alta de 4,31%, acima da meta central da inflação para o ano, que é de 4%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto para mais ou menos.

Em novembro, os preços dos alimentos e bebidas continuaram pesando no bolso dos consumidores, ao responderem pela maior variação (2,54%) e maior impacto (0,53 ponto percentual) no IPCA.

A segunda maior contribuição (0,26 p.p.) veio do grupo dos transportes (1,33%), sob o impulso do aumento dos preços da gasolina (1,64%).

“Por trás da alta dos alimentos temos um câmbio alto que estimula exportações, auxílio emergencial aumentando o poder de compra e tem ainda uma pressão de commodities mais cotadas no mercado internacional”, disse Pedro Kislanov, gerente da pesquisa, a jornalistas.

Segundo o economista, essa é a quarta vez desde dezembro de 2019 que a inflação em 12 meses supera o centro da meta do Banco Central.

A segunda maior contribuição (0,26 p.p.) veio do grupo dos transportes (1,33%), sob o impulso do aumento dos preços da gasolina (1,64%) (Imagem: Rovena Rosa/Agência Brasil)

“Esse acumulado ainda está influenciado pela inflação forte que tivemos em dezembro do ano passado por conta das carnes. Vamos ter que esperar para ver como vai ser o comportamento de dezembro deste ano”, disse.

Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, sete tiveram alta em novembro. Os grupos de saúde e cuidados pessoais e de educação tiveram variação negativa de 0,13% e 0,02%, respectivamente.

Pesquisa da Reuters apontou que a expectativa de analistas era de alta de 0,78% em novembro, acumulando em 12 meses alta de 4,20%.

O Banco Central já reconheceu uma pressão inflacionária mais forte no curto prazo, mas manteve sua mensagem de orientação futura em que se compromete a não aumentar os juros mantidas algumas condições e vem passando a mensagem de que não vê o movimento de alta da inflação adentrando 2021 e 2022.

O Comitê de Política Monetária (Copom) dá início nesta terça-feira a sua reunião de dois dias e anunciará na quarta-feira sua decisão sobre os juros, quando deve atualizar suas projeções para a inflação e sua avaliação de cenário.