IPCA: Inflação ‘segue desafiadora’, e deve impulsionar alta da Selic; veja o que dizem os analistas

Os dados divulgados nesta quarta-feira (12) mostram uma alta do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), e o mercado estima que a inflação deve seguir acelerando no curto prazo. Com isso, a taxa Selic deve ‘pagar o pato’, sendo elevada pelo Banco Central.
Em fevereiro, houve um crescimento de 1,31%, representando uma aceleração em relação à alta de 0,16% apurada em janeiro. Agora, a inflação acumula alta de 1,47% no ano e de 5,06% em doze meses. No mês passado, esses números eram de 0,16% e 4,50%, respectivamente.
Flávio Serrano, economista-chefe do Banco Bmg, destaca que o dado de hoje confirmou que a dinâmica de inflação segue desafiadora e respalda a extensão do ciclo de aperto monetário em curso. Segundo ele, a maior fonte de pressão no resultado de fevereiro foi o conjunto de preços monitorados.
“Acreditamos que o Banco Central elevará a taxa básica de juros em 100bps para 14,25% a.a. na reunião de março, seguindo o guidance apontado na sua comunicação oficial. E, ainda, deverá elevar mais uma vez a Selic em maio, para 14,75%”, diz.
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Já Étore Sanchez, da Ativa Investimentos, avalia que o IPCA de hoje foi um evento dentro do precificado para o mercado. Mas, ainda assim, com algum viés para pior, principalmente por conta do comportamento dos serviços subjacentes.
Para ele, embora a inflação tenha desacelerado na margem, apresentou um acumulado em 12 meses que avançou de 5,9% para 6,2%.
Visando o impacto ao Banco Central, o economista destaca que o índice, hoje, traz maior confiança para o board em executar uma nova elevação de 100bps. No entanto, acende um alerta sobre o quão aberta deverá ser a comunicação para a próxima reunião — se afrouxar, o mercado pode intensificar a interpretação de leniência.
“Por ora, acreditamos que o BC deverá reforçar o compromisso com o regime de metas de inflação, deixando os próximos passos data dependent, mas podendo trazer alguns sinais de que a taxa de juros deverá permanecer restritiva por tempo suficientemente prolongado”, completa.
Para Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, o IPCA elevado já era esperado, devido ao fim do bônus de Itaipu e aos reajustes escolares, mas a qualidade do IPCA segue ruim.
“Apesar da leve melhora na margem, as medidas subjacentes de inflação continuam em patamares elevados, especialmente os serviços, reflexo da baixa ociosidade na economia”, destaca. “Além disso, mesmo com a expectativa de moderação da inflação, conforme os efeitos de energia elétrica e educação saem do radar, as coletas semanais seguem ruins, sugerindo que a inflação deve seguir elevada no curto prazo”.
Contudo, Borsoi afirma que não vê “motivos para alterar o cenário de IPCA”, e mantém sua estimativa de uma alta de 5,91% no IPCA de 2025 e de 4,53% para 2026.
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