IPCA: Inflação deve fechar 2025 próxima dos 5,5%, projetam economistas do mercado

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de março será publicado nesta sexta-feira (11), e a expectativa do mercado, é de uma inflação bastante elevada para 2025.
Segundo a Pesquisa de Economia Bancária e Expectativas, realizada pela Federação Brasileira de Bancos
(Febraban), a maioria dos bancos (71,4%) espera que o IPCA feche o ano em torno de 5,5%, enquanto 19% projetam o indicador próximo (ou acima) de 6,0%.
É válido ressaltar, que as projeções estão bem acima do centro da meta de inflação, definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para este ano — que é de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual (p.p.) para cima (até 4,5%) ou para baixo (até 1,5%).
Nesse contexto, cerca de 90% dos entrevistados projetam a inflação acima de 5% no ano.
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Além disso, grande maioria dos entrevistados (85,7%) entendeu que a comunicação do Copom foi adequada em sua última reunião, concordando com a indicação de que o ciclo de alta da taxa de juros não terminou. No entanto, houve a sinalização de um aperto de menor magnitude na próxima reunião.
Na estimativa para os juros, foi pontuado que houve um ligeiro recuo em relação à pesquisa anterior. Agora, a mediana da pesquisa aponta que a Selic deve atingir os 15% ao ano em junho (ante 15,25%), permanecendo neste patamar, ao menos, até novembro deste ano.
Sobre o crescimento da economia, não houve uma maioria absoluta nas estimativas para este ano. Dessa forma, para 42,9% dos entrevistados, o Produto Interno Bruto (PIB) apresenta uma desaceleração, que, até o momento, está em linha com o esperado e deve permanecer em torno de 2,0%.
Enquanto para um terço dos respondentes, a desaceleração deve ser mais intensa do que a esperada, com crescimento do PIB abaixo de 2%, para um quarto dos participantes, é esperada uma expansão acima de 2%.
Além da inflação: crédito deve crescer 8,6% em 2025
O levantamento também mostra que o crédito deve crescer 8,6% em 2025 — o que representa uma ligeira alta em relação à projeção de fevereiro, que estimava um crescimento de 8,5%.
Isso se deve pelas constantes revisões positivas feitas nas séries estatísticas pelo Banco Central, além de um cenário caracterizado ainda pelo mercado de trabalho aquecido e novos programas de crédito, como o consignado para os trabalhadores do setor privado.
Contudo, a revisão foi liderada pela carteira com recursos livres, com expectativa de alta de 8,2%, ante uma alta de 8,1% na pesquisa anterior.
Dentro desse segmento, o destaque no mês se deu principalmente pelo crédito destinado às famílias, que subiu de 8,6% para 9,0%. Para as empresas, a revisão foi mais contida, passando de alta de 7,1% para 7,2%.
Mantendo-se estável em 9,0%, a projeção de alta da carteira de crédito direcionada para 2025 tem uma revisão para cima no crédito Pessoa Jurídica (alta de 9,3% ante +9,0% do levantamento anterior), compensada pela revisão para baixo do crédito direcionado Pessoa Física (+8,8% ante +8,9%).
Já em relação à trajetória da taxa de inadimplência, a pesquisa mostra que houve uma leve alta na projeção do indicador para a carteira com recursos livres — na qual subiu de 4,6%, na pesquisa de fevereiro, para 4,7%, nível superior ao registrado no último mês de janeiro (4,4%).
“A pesquisa captou que os bancos seguem projetando um bom crescimento da carteira de crédito neste ano, apesar do ambiente de juros elevados e de todas as incertezas no cenário econômico, internacional e local. Além disso, é interessante observar que a revisão positiva foi liderada pela carteira com recursos livres destinados às famílias”, avalia Rubens Sardenberg, diretor de Economia, Regulação Prudencial e Riscos da Febraban.
A pesquisa ainda indica que o movimento de desaceleração do ritmo de crescimento do crédito deve prosseguir no próximo ano, com expansão esperada de 7,8%, porém, acima da captada na pesquisa de fevereiro (+7,7%).
Além disso, houve uma revisão para cima da projeção para a expansão da carteira livre, com possibilidade de alta para 7,3% (ante +7,1%), enquanto para o crédito direcionado, a expectativa recuou para 8,3% (ante +8,6%).
Segundo o diretor, “parte de tal movimento pode ser atribuído aos bons números ainda observados no mercado de trabalho, que segue aquecido, com baixo desemprego. Mas, também pode ser consequência da reformulação do consignado destinado aos funcionários do setor privado, que tem mostrado uma boa demanda já neste início de operação”. E que provavelmente vai crescer mais quando todos os ajustes estruturais forem concluídos, completou Sardenberg.
E a perspectiva sobre o cenário internacional?
Falando sobre os Estados Unidos (EUA), a pesquisa apontou que 57,1% dos analistas esperam dois cortes de 0,25 ponto percentual dos Fed Funds no ano, em linha com o indicado pelo Federal Reserve (Fed).
O viés é de juros mais elevados, uma vez que 38,1% aguardam no máximo um corte de juros em 2025, diante da resiliência da inflação no país.
Além disso, houve unanimidade quanto à expectativa de uma desaceleração gradual, apesar das incertezas crescentes — mas sem enxergar um quadro recessivo, até o momento.
Levantamento
A pesquisa é realizada a cada 45 dias, logo após a divulgação da Ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), e mensura a estimativa dos bancos para o comportamento de diversas variáveis da economia ao longo deste e do próximo ano.
As instituições participantes são: Banco ABC Brasil, Banco BMG, Banco Bradesco, Banco BTG Pactual, Banco BV, Banco Daycoval, Banco do Brasil, Banco BRB, Banco do Estado do Pará, Banco do Nordeste, Banco Itaú, Banco Inter, Banco Rendimento, Banco Santander, Banrisul, BNDES, Caixa Econômica Federal, Citi, JP Morgan, PicPay e XP Investimentos.