Economia

Alimentação ‘amarga’ IPCA de maio, mas outro grupo volta a pressionar; o que esperar das próximas leituras?

11 jun 2024, 12:29 - atualizado em 11 jun 2024, 12:33
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IPCA de maio apresentou surpresas altistas na alimentação no domicílio e em serviços subjacentes (Imagem: Pixabay)

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou a terceira aceleração seguida em maio, ao subir 0,46%. O resultado veio acima do consenso do mercado, que esperava um avanço de 0,40%, segundo pesquisa do Broadcast.

A economista do Itaú Unibanco, Luciana Rabelo, explica que a inflação do mês passado apresentou surpresas altistas na alimentação no domicílio (0,62%) e em serviços subjacentes (0,40%) – o que “deu uma cara pior para a leitura de hoje”. Do lado baixista, a gasolina (0,45%) compensou, em partes, as altas.

Rabelo afirma que, na alimentação a domicílio, o leite longa vida e os alimentos in natura, como a batata, explicam a alta.

“O leite tem subido bastante nas coletas de atacado. Ele, inclusive, segue ainda pressionando a inflação de junho, o que pode estar ligado aos efeitos climáticos do Rio Grande do Sul”, disse em entrevista ao Money Times.

Ainda sobre o Estado gaúcho, a economista destaca a gasolina, que teve alta de 1,80% no RS, apesar da desaceleração frente à prévia da inflação, o IPCA-15, do mês.

O impacto dos serviços no IPCA

Os serviços subjacentes, no geral, vieram acima do que o projetado pelo Itaú, o que explica a abertura “um pouquinho pior do que o esperado” do IPCA. “Quem puxou esses serviços subjacentes foram, principalmente, o conserto de automóvel, o lanche e os serviços de estética”, diz Rabelo.

Na contramão, o IPCA teve uma surpresa baixista dos serviços industriais subjacentes, ajudados pelos grupos de móveis e roupas.

“A gente olha bastante para serviços subjacentes e industriais subjacentes, que compõem o núcleo do IPCA-EX3. O EX3 veio bem próximo do esperado, mas com uma composição pior, devido aos serviços mais altos”, destaca.

A composição “ruim” ainda foi influenciada pela aceleração dos serviços ligados à mão de obra, que não tiveram melhora na margem. “Dado que a gente não está esperando nenhum arrefecimento no mercado de trabalho para frente, é um item que deve continuar pressionando a inflação. Vemos [a mão de obra] pressionada o ano inteiro”, afirma.

Na média móvel de três meses, com dados dessazonalizados e anualizados, os serviços subjacentes aceleraram para 5,1% (de 4,9%), enquanto o núcleo de industriais subjacentes acelerou para 0,5% (de 0,1%). Na mesma métrica, a média dos núcleos ficou estável em 3,2%. 

O que esperar das próximas leituras de inflação?

Para junho, o Itaú espera que a inflação comece a desacelerar, apesar de ainda em alta. A economista diz que a projeção é de avanço de 0,32% no mês.

“Ainda devemos ver em junho uma alimentação no domicílio pressionada, com os elementos in natura pressionando a inflação, como por exemplo o tomate e batata, e outros alimentos como o leite”, diz.

A inflação deve fechar 2024 em 3,8%, enquanto a de 2025 deve ser de 3,7%, segundo expectativas do Itaú. O balanço de risco para as projeções, tanto deste ano quanto para o próximo, é altista, segundo Rabelo.

“Para este ano, a parte de alimentação no domicílio e os serviços podem ficar ainda mais pressionados. E para o ano que vem, também essa parte de serviços é um risco altista para a nossa projeção, além um BRL (moeda real) mais pressionado em 2025, que pode impactar os preços de alimentos e bens”, afirma.

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