Economia

IPCA: Desinflação consistente é ‘empurrãozinho’ que BC precisava para rever ritmo da Selic?

12 dez 2023, 11:34 - atualizado em 12 dez 2023, 11:34
IPCA Selic
IPCA subiu 0,28% em novembro (Imagem: Canva Pro)

Apesar de algumas surpresas altistas, a composição da inflação segue favorável e aponta para um processo desinflacionário consistente, avaliam especialistas. Em novembro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,28%, conforme divulgado nesta terça-feira (12).

No mês, o grupo de alimentação e bebidas registrou a maior variação , de 0,63%, e o maior impacto, 0,13 p.p. As altas da cebola (26,59%), da batata-inglesa (8,83%), do arroz (3,63%) e das carnes (1,37%) pressionaram a variação de 0,75% da alimentação no domicílio.

O analista da BGC Liquidez, Rafael Costa, entretanto, afirma que o segmento mostrou uma perda de ímpeto do avanço dos preços. “No final das contas o grupo como um todo ficou em linha com o padrão histórico”, diz.

Outro efeito altista veio dos preços de energia. O item energia elétrica subiu 1,07% por conta dos reajustes em quatro áreas: Goiânia, Brasília, São Paulo e Porto Alegre. Por essa razão, o grupo habitação apresentou alta de 0,48%.

Apesar das pressões altistas, a estrategista da Warren Investimentos, Andréa Angelo, destaca que a leitura do IPCA de novembro mostrou que “não há nada a se preocupar”.

“O número de hoje não traz novidades em relação a parte qualitativa da inflação, ou seja, a desinflação dos núcleos e serviços permanece em linha com o esperado, e segue como notícia positiva dado o momento do mercado de trabalho e o forte desempenho da atividade econômica”, avalia.

Para dezembro, a projeção da Warren é de inflação de 0,37% — fazendo com que o índice feche o ano em 4,42%, dentro do intervalo da meta. Para 2024, a casa espera um IPCA de 4,4%, levando em consideração o efeito do fenômeno climático El niño.

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IPCA de novembro muda cenário para a Selic?

Na semana passada, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, alertou os mais otimistas de que o jogo da política monetária ainda não está ganho e há incertezas no ambiente.

Segundo ele, o BC pode rever o ritmo do afrouxamento monetário. Entretanto, Campos Neto destacou que ainda vê espaço para cortes de 0,50 p.p. na Selic, mas lembra que isso é válido “sempre duas reuniões à frente”.

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O mercado, no entanto, está mais otimista. Segundo o economista-chefe da Nova Futura, Nicolas Borsoi, apesar de já precificar um corte de 0,50 p.p. na decisão de amanhã, os dados do IPCA de novembro são bons para quem visualiza a possibilidade de acelerar para 0,75 p.p. em janeiro.