Economia

IPCA de novembro indica piora do processo inflacionário, mas não muda cenário para Selic, diz economista do Inter

10 dez 2024, 12:16 - atualizado em 10 dez 2024, 13:45
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(Imagem: Getty Images)

A desaceleração no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de novembro é uma boa notícia, mas o resultado ainda indica uma piora do processo inflacionário, avalia o economista sênior do Inter, André Valério.

A inflação oficial do Brasil subiu 0,39% no mês passado, frente a alta de 0,56% apurada em outubro. O acumulado de 12 meses, por sua vez, acelerou para 4,87%.

O resultado foi amplamente influenciado pelo comportamento do grupo de alimentação e bebidas, cuja alta de 1,55% representou quase 85% da inflação observada no mês. O grupo reflete a continuidade da piora na inflação de proteínas, mas também de outras commodities, como café, cujo preço no mercado internacional tem atingido máximas históricas.

Além disso, as despesas pessoais avançaram 1,43%, impactando o índice em 0,07 ponto percentual, mas refletindo o aumento da alíquota de imposto sobre cigarros.

Na outra ponta, a habitação recuou 1,53%, refletindo a mudança na bandeira tarifária de vermelha patamar 2 para amarela, o que fez com que o custo de energia elétrica caísse 6,27% no mês.

A média dos núcleos registrou alta de 0,38% e o acumulado em 12 meses alcançou 4,20% — patamares elevados, segundo Valério. Já a inflação de serviços acelerou para 0,83%, amplamente influenciada pelo comportamento das passagens aéreas, que apresentou alta de mais de 22%.

O economista do Inter diz que o resultado do IPCA não justificaria uma aceleração do ritmo de alta da Selic. No entanto, a deterioração nas expectativas de inflação e a recente desvalorização cambial devem pesar na decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de amanhã.

“Mantemos nosso call de 0,75 p.p. com uma expectativa de um comunicado ainda duro, com o objetivo de reancorar as expectativas, mas o cenário permanece de cautela e assimetria no balanço de riscos”, diz.

O mercado, por outro lado, espera uma alta de 1 p.p. na Selic. As opções de Copom que precificam uma alta maior na taxa valiam R$ 60,50, enquanto as de 0,75 p.p. eram cotadas a R$ 28 — quanto maior o preço, maior a aposta.

Editora-assistente
Editora-assistente no Money Times e graduada em Jornalismo pela Unesp - Universidade Estadual Paulista. Entrou para a área de finanças e investimentos em 2021.
giovana.leal@moneytimes.com.br
Editora-assistente no Money Times e graduada em Jornalismo pela Unesp - Universidade Estadual Paulista. Entrou para a área de finanças e investimentos em 2021.