IPCA: BC aponta dólar e outros dois fatores como responsáveis por estouro da meta, que deve persistir até 3º trimestre de 2025
O Banco Central (BC) atribuiu o estouro da meta de inflação em 2024 ao ritmo forte de crescimento da atividade econômica, à depreciação cambial e aos fatores climáticos, mostra carta enviada ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
A meta perseguida pela autarquia era de 3%, com uma banda de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. No entanto, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,52% em dezembro e fechou 2024 em 4,83%.
“Os principais fatores que contribuíram para o desvio de 1,83 p.p. da inflação em relação à meta foram a inflação importada (contribuição de 0,72 p.p.), a inércia do ano anterior (0,52 p.p.), o hiato do produto (0,49 p.p.) e as expectativas de inflação (0,30 p.p.)”, mostra a carta assinada pelo presidente da autarquia, Gabriel Galípolo.
Dentro do grupo da inflação importada, a principal contribuição veio, justamente, da depreciação cambial (efeito de 1,21 p.p.), seguida das commodities em geral (0,10 p.p.).
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A depreciação cambial decorreu principalmente de fatores domésticos, complementada pela apreciação global do dólar norte-americano. Por outro lado, a queda no preço internacional do petróleo amorteceu o impacto.
“A taxa de câmbio subiu de R$ 4,95/US$ na média do último trimestre de 2023 para R$ 5,84/US$ na média do mesmo período em 2024, uma variação de 18,0%.”
O crescimento da atividade econômica, que surpreendeu para cima ao longo do ano, também contribuiu para o estouro do intervalo de tolerância. O BC espera crescimento de 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB) para 2024.
Inflação ficará acima da meta até o terceiro tri de 2025
A BC prevê que a inflação ficará acima do limite do intervalo de tolerância até o terceiro trimestre de 2025. Depois, o índice deve entrar em trajetória de declínio, mas ainda permanecendo superior à meta.
A projeção da autoridade monetária para o IPCA em 2025 é de 4,5%, segundo o Relatório de Inflação divulgado em dezembro do ano passado.
Em 2026, a expectativa é de que o IPCA feche em 3,6%. No primeiro trimestre, a projeção situa-se em 4,2% e, no horizonte relevante de política monetária — segundo trimestre do mesmo ano –, em 4%.
A autarquia diz ter definido a meta para a taxa Selic para assegurar a convergência do índice à meta. “Depois de período de distensão monetária, o Copom retomou ciclo de aumento da taxa de juros, com ajustes de magnitude crescente e, na última reunião, com sinalização dos passos para as duas reuniões seguintes.”