IPCA-15 surpreende, mas não está fora de controle, dizem economistas; veja o vilão da inflação de novembro
A prévia da inflação de novembro surpreendeu o mercado com uma alta de 0,62%, frente à expectativa de 0,48%. No entanto, os economistas destacam a melhora no aspecto qualitativo da leitura.
A economista-chefe da Armor Capital, Andrea Damico, diz que a surpresa foi explicada, principalmente, pelo avanço das passagens aéreas. “Nós tínhamos uma projeção de alta de 10% para a passagem aérea, mas veio 22%, quase 23%”, diz.
Alimentação e bebidas foram o grande fator de alta do mês, mas esse impacto já era esperado pelo mercado. O grupo, que contribuiu com 0,29 ponto percentual do resultado total, refletiu a aceleração de alimentação no domicílio, que subiu 1,65%.
Por outro lado, a economista da Armor pontua a melhora qualitativa. “Embora o headline tenha surpreendido, núcleos e serviços subjacentes ficaram relativamente em linha”, afirma Damico.
O economista sênior do Inter, André Valério, destaca que a média dos núcleos recuou de 0,43% para 0,40%, enquanto a inflação de serviços subjacentes recuou de 0,59% para 0,45%. A inflação de serviços cheia acelerou de 0,27% para 0,72%, mas devido à forte alta nas passagens aéreas, como evidenciado pelo comportamento dos serviços subjacentes.
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Além disso, o índice de difusão, uma medida do tamanho do processo inflacionário, também recuou na margem, de 58,31% para 57,5%.
Os economistas dizem que o IPCA-15 de novembro reforça a tendência de piora da inflação das últimas leituras, que, por sua vez, se deve a fatores voláteis. No entanto, apesar de uma leve contaminação para o restante do índice, não se nota sinais de descontrole.
“Os números continuam evidenciando uma piora da inflação corrente, mas não vimos uma grande piora na margem”, diz Damico.