Economia

IPCA-15: Mercado recebe balde de água fria com inflação ‘pior do que o esperado’; veja o que dizem os especialistas

26 mar 2024, 12:18 - atualizado em 26 mar 2024, 12:18
IPCA-15, Economia, Brasil, IBGE, Inflação
O IPCA-15, prévia da inflação oficial do Brasil, subiu 0,36% em março e 1,46% no ano (Imagem: Arthon meekodong/Canva)

A prévia da inflação do terceiro mês de 2024 veio 0,42 ponto percentual (p.p.) abaixo da taxa de fevereiro (0,78%). Ainda assim, ficou acima das expectativas dos analistas.

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Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15desacelerou a +0,36% em março, passando a acumular uma alta de 1,46% no ano. A expectativa para o mês, de acordo com pesquisa da Reuters, era de avanço de 0,32%.

Dos nove grupos do IPCA-15, cinco registraram alta em março, com destaque para alimentação e bebidas — que registrou a maior variação (0,91%) e o maior impacto (0,19 p.p.).

IPCA-15 fica abaixo do esperado e surpreende mercado

Vindo acima do esperado e surpreendendo o mercado, as altas ficaram concentradas no setor de serviços subjacentes. O sinal de reaceleração deste grupo está se confirmando.

Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren Investimentos, ressalta que a surpresa altista foi espalhada e em itens que traduzem composição ruim da inflação. “O grupo que voltou a trazer surpresa altista foi o de serviços subjacentes e intensivos em trabalho, confirmando o sinal de mercado de trabalho ainda pujante”, diz.

Era esperada uma variação de 0,36% para a categoria de serviços subjacentes, que acabou apresentando alta de 0,40% — acima também, pela quarta divulgação seguida da mediana.

“Acreditávamos que as próximas duas leituras de IPCA (março e abril) iriam mostrar sinal de desaceleração dos grupos subjacentes e intensivo em trabalho e, depois, reverteriam este sinal e voltariam a reacelerar. O número de hoje trouxe dúvidas quanto a este movimento momentâneo de “falsa” continuidade de desinflação”, diz Angelo.

“Até que esse processo se consolide, os dados justificam a necessidade do BC de ser cauteloso, que lida também com uma economia ainda aquecida, com dados de atividade resilientes e um forte mercado de trabalho”, finaliza.

Já na visão de Tatiana Pinheiro, economista-chefe da Galapagos Capital, a abertura da inflação contribui para dirimir as dúvidas do Copom em relação à dinâmica de inflação à frente.

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“Ficamos desapontados com o recuo da inflação de alimentação, gostaríamos de ter observado uma diminuição da inflação mais expressiva nesse conjunto de preços. Além disso, tivemos surpresas altistas difundidas em quase todos os principais grupos do IPCA. Nesse primeiro olhar do número como um todo, não achamos que foi um resultado tão favorável”, aponta Rafael Costa, analista e integrante do time de estratégia macro da BGC Liquidez.

Para Mario Mesquita e Luciana Rabelo, economistas do Itaú BBA, “o IPCA-15 de março veio acima do esperado, especialmente em passagem aérea. O qualitativo dessa divulgação também foi pior do que o esperado, com surpresa altista em serviços subjacentes (ainda que compensado por alguma melhora em industriais subjacentes)”.

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