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IPCA-15: Inflação de alimentos cai em julho, mas grupo tem ‘vilões’ no último ano; veja

25 jul 2024, 16:36 - atualizado em 25 jul 2024, 16:36
inflação alimentos
De julho de 2023 a julho deste ano, o IPCA-15 apresentou um avanço de 4,51%, puxado pela inflação de uma série de alimentos(Imagem: Shutterstock/suriyachan)

Nesta quinta-feira (25), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), a prévia da inflação, que avançou 0,30%.

Entre os nove grupos de produtos e serviços pesquisados, destaque para a queda de apenas dois deles, o de vestuário (-0,08%) o de alimentos e bebidas (-0,44%).

Na alimentação, os principais produtos que puxaram a queda do índice foram: tubérculos, raízes e legumes (-9,16%), hortaliças e verduras (-2,9%) e frutas (-2,88%).

A alimentação no domicílio recuou 0,70%, puxada pela queda da cenoura (-21,60%), do tomate (-17,94%), da cebola (-7,89%) e das frutas (-2,88%). Enquanto isso, a alimentação fora do domicílio (0,25%) desacelerou em relação a junho (0,59%), em virtude das altas menos intensas do lanche (0,24%) e da refeição (0,23%).

De acordo com BTG Pactual e Inter, o recuo para os alimentos parece atrelada a sazonalidade favorável, assim com o fim dos impactos das chuvas no Sul do Brasil. 

No entanto, nos últimos 12 meses, esses mesmos produtos, assim como outros, são alguns dos “vilões” da inflação de julho de 2023 a julho de 2024, que avançou 4,51%. Entre eles, estão:

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  • Cereais, leguminosas e oleaginosas: (+20,77%);
  • Tubérculos, raízes e legumes: (+28,50%);
  • Hortaliças e verduras (+13,79%);
  • Frutas (+15,56%);
  • Óleos e gorduras (+5,66);
  • Bebidas e infusões (+5,98%);
  • Sal e condimentos (+10,42%).

O que explica inflação no último ano?

Na avaliação de Juliana Inhasz, economista do Insper, a maior parte dos itens acima sofrem com a questão climática e pela oferta menor neste ciclo, já que a safra passada foi recorde.

“Essa menor oferta resulta em preços mais fortes. Muitas culturas que estavam sofrendo os efeitos do El Niño devem passar a ser impactadas pela chegada do La Niña. Na contramão disso, as carnes (queda de 5,02% em 12 meses) recuam pela elevada oferta de matrizes, com abate de muitos animais, com a indicação de produção recorde em 2024“, diz.

Segundo Rafaela Vitória, economista-chefe do Inter, a inflação de alimentos pode ser bem volátil e, com o evento das chuvas no Rio Grande do Sul e o receio de desabastecimento, os preços acabam oscilando ainda mais. Além disso, a variação cambial também impacta os preços agrícolas comercializados internacionalmente.

“As commodities agrícolas tiveram alta no começo do ano, mas voltaram a recuar nos últimos meses, acumulando variação positiva de 6%. Por outro lado, com a desvalorização do real, o índice de Commodities (IC-Br) tem alta de 19,34% no acumulado no ano em reais até junho, e ainda pode significar alguma pressão inflacionária nos próximos meses”, vê Vitória.