IPCA-15: Desinflação muda os planos de Campos Neto para a Selic? Veja o que dizem 4 economistas
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de outubro em linha com as expectativas do mercado reforça o que o Banco Central (BC) chama de “segundo estágio de desinflação”.
O economista da Rio Bravo, Luca Mercadante, explica que esse cenário apresenta uma melhora nos grupos mais persistentes do IPCA, depois de uma desinflação de bens mais veloz.
A prévia da inflação deste mês subiu 0,21%, amenizando a alta em relação a setembro, quando saltou 0,35%. Nos núcleos, serviços e serviços subjacentes, a média desacelera nas medidas de 12 meses e se aproximam da meta do BC.
Marco Antonio Caruso e Igor Cadilhac, do PicPay, destacam que essas surpresas baixistas nos serviços subjacentes e na média dos núcleos, que são acompanhadas com lupa pela autoridade monetária, reforçam o quadro desinflacionário “consistente e saudável”.
O economista André Perfeito ainda ressalta a leitura qualitativa benigna e a dispersão das altas abaixo do desvio padrão, que consolidam essa perspectiva de um bom momento para a inflação.
A leitura do mês teve, do lado das altas, impactos relevantes no grupo transporte, com destaque para as passagens aéreas e o transporte por aplicativo. Já a gasolina, que vinha pressionando antes, apresentou queda de 0,56%.
O grupo alimentação segue em deflação, pelo quinto mês consecutivo. No entanto, desta vez, a queda foi menor, de 0,52% ante 1,25% no mês passado.
Desinflação muda o cenário para o Banco Central?
Apesar dos dados benignos do IPCA-15, os economistas ressaltam que o ciclo de cortes da Selic deve seguir o curso atual, de 0,50 ponto percentual nas próximas reuniões. Assim, a taxa básica de juros deve fechar 2023 a 11,75%.
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O BC já havia dito que para que a redução fosse de 0,75 ponto percentual seriam necessárias três condições: abertura contundente do hiato de produto; maior ancoragem das expectativas de inflação em torno da meta de 3%; e dinâmica substancialmente mais benigna para a inflação de serviços. Até agora, as condições não estão sendo satisfeitas.
Para o ano que vem, a preocupação deve ficar mais na dinâmica externa — elevação dos juros longos nos Estados Unidos –, e menos na inflação corrente. Isso, segundo os economistas, pode elevar o patamar final do juro no Brasil.