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Investir em ouro ainda vale a pena? Commodity sobe 8% no ano, mas cenário macro pressiona

19 abr 2022, 8:16 - atualizado em 19 abr 2022, 8:16
ouro
Mudança de política monetária global traz riscos para tese direcional de alta para o ouro, alertam os analistas do BTG.  (Imagem: Unsplash/@pokmer)

O começo de 2022 foi favorável para o ouro, que atingiu uma valorização de 8%, em dólar. No entanto, olhando à frente, o BTG Pactual enxerga mais ventos contrários para a commodity.

O primeiro trimestre do ano foi marcado pela incerteza econômica global, maior volatilidade e pressão inflacionária disseminada, que se mostraram favoráveis à tese do ouro.

Entretanto, com base em um cenário de taxa de juros elevada, e tendência do crescimento global e do dólar, os analistas do BTG reduziram a recomendação de exposição direta ao ouro, mantendo a alocação como proteção, porém limitada.

“O produto destes vetores é de uma pressão baixista na cotação do ouro ao longo do ano”, afirmam os analistas Álvaro Frasson, Arthur Mota, Leonardo Paiva e Luiza Paparounis.

O metal que brilhou com a incerteza e a inflação

O ouro teve performance positiva de 8%, em dólar, no início de 2022, sendo o segundo trimestre consecutivo de alta e o melhor desempenho trimestral desde 2020.

“Além da percepção de um mercado de commodities apertado (energia, metálicas e agrícolas), a escalada do conflito armado entre Rússia e Ucrânia acabou por ser mais um vetor altista para um ambiente favorável para a classe de ativo do qual o ouro faz parte, mas também um gatilho adicional para a pressão inflacionária”, afirmam os analistas do BTG.

Segundo os especialistas, o risco geopolítico promove um aumento da incerteza, sobretudo relacionado à expansão do conflito para outros países, o que gerou a busca por ativos que operam como “seguro”– caso do ouro.

Além disso, desde o início de pandemia, com a adoção de uma política monetária flexível por parte do Federal Reserve (Fed), com forte compressão do juro real, o ambiente para o ouro – ativo inversamente correlacionado aos juros – ficou mais favorável.

No entanto, olhando à frente, os analistas afirmam que o cenário deve mudar para o ativo.

O que será do ouro daqui pra frente?

A mudança de política monetária global traz riscos para tese direcional de alta para o ouro, alertam os analistas do BTG.

O mercado prevê que o ciclo de alta iniciada pelo Fed em março de 2022 será um do mais intensos desde a década de 1980, com expectativa da Fed Funds Rate encerrar este ano no ponto médio de 2,875% e atingir em meados de 2023 o patamar de 3,875%.

Esse cenário ainda vem acompanhado de uma forte recomposição do juro real. “Com o não reinvestimento dos ativos por parte do Fed e o aumento do prêmio pela liquidez, a pressão no juro deve ser um vetor negativo para o ouro”, avaliam os analistas do banco.

Além disso, o papel mais forte do dólar no mundo, reflexo do diferencial de juros e também do crescimento mais favorável nos EUA do que Europa, se mostra como mais um vento contrário para o ouro.

É hora de comprar ouro?

Diante deste cenário, com maior probabilidade do ativo retornar ao patamar de US$ 1.850 oz, o BTG  recomenda a redução da exposição direta em ouro para os próximos meses, deixando uma participação baixa nas estratégias.

“A manutenção da participação reflete a importância do ativo na composição dos portfólios e tem como objetivo o efeito hedge, reflexo de um ano volátil de política monetária global, inflação e geopolítica”, reiteram.

Os analistas ainda destacam que, no curtíssimo prazo, ainda há um espaço residual de valorização por conta da incerteza envolvendo Rússia e Ucrânia, mas alertam que o balanço de risco continua sendo baixista.

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