Coluna do Cássio Krupinsk

Investir em IA é uma cilada? Entenda como a tokenização é a verdadeira mina de ouro

04 mar 2025, 10:00 - atualizado em 23 fev 2025, 14:27
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O grande boom da IA ocorreu em 2023, com a explosão de startups e empresas tradicionais lançando produtos baseados em modelos de linguagem, como o ChatGPT. (Imagem: Unsplash/Chris Ried)

Nos últimos anos, duas grandes tendências tecnológicas emergiram no cenário de investimentos e inovação: a tokenização e a inteligência artificial (IA). Ambas prometeram transformar mercados e atraíram bilhões em investimentos, mas os resultados práticos demonstram que a tokenização é uma aposta mais sólida para investidores de longo prazo.

Enquanto a IA enfrenta a superoferta de soluções repetitivas e uma desvalorização acentuada, a tokenização avança em direção à regulação e adoção institucional, consolidando-se como um setor de investimentos estruturado e confiável.

A tokenização começou a ganhar tráfego em 2021, quando os fundos de venture capital passaram a enxergar com mais atenção o mercado de ativos digitais e blockchain. O volume de investimentos disparou até 2022, permitindo a formação de um ecossistema sólido ao redor da tokenização de ativos do mundo real, como imóveis, commodities e até participações societárias.

Em paralelo, o amadurecimento da regulação se tornou um fator crucial para a segurança e a confiabilidade do setor. Bancos centrais e órgãos reguladores de vários países passaram a estabelecer normas para as transações tokenizadas, reduzindo riscos e incentivando grandes instituições financeiras a adotarem a tecnologia. No Brasil, a legislação avançou significativamente para garantir um mercado mais seguro e funcional.

No final de 2022, enquanto a tokenização seguia firme, a IA começou a ganhar força com soluções de geração de texto e imagem, provocando um novo frenesi no mercado de tecnologia. No entanto, ao contrário da tokenização, a IA logo demonstrou sinais de inchaço e falta de sustentação como investimento de longo prazo.

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A bolha da inteligência artificial

O grande boom da IA ocorreu em 2023, com a explosão de startups e empresas tradicionais lançando produtos baseados em modelos de linguagem, como o ChatGPT. O interesse por essas soluções cresceu exponencialmente, atraindo milhares de investidores. No entanto, ao longo do ano, uma realidade inconveniente ficou evidente: a barreira de entrada para novas empresas é muito baixa.

Rapidamente, surgiram centenas de ferramentas concorrentes, muitas delas sem diferenciação significativa. A facilidade de desenvolvimento dessas soluções fez com que a IA se tornasse um setor saturado, onde cada novo lançamento se tornava obsoleto em questão de meses. Os investidores, ao perceberem tal dinâmica, começaram a recuar.

Ademais, a precificação dos serviços de IA se mostrou um desafio. Empresas cobrando valores exorbitantes viram concorrentes surgirem com produtos gratuitos ou mais baratos e igualmente eficazes, como foi o caso do DeepSeek. Isso reduziu drasticamente o valor percebido do mercado de IA como um todo.

Tokenização: estruturas regulatórias e segurança para Investidores

Enquanto o setor de IA se tornava um verdadeiro “faroeste” tecnológico, a tokenização caminhava na direção contrária. Sua regulamentação trouxe um modelo de governança financeira semelhante ao dos mercados tradicionais de capitais, mas com inovações que garantem maior eficiência e transparência. Fundos, bancos, gestoras e investidores institucionais passaram a enxergar a tokenização como evolução natural do setor financeiro.

A tokenização permite que ativos reais sejam fracionados digitalmente, aumentando a liquidez e possibilitando que um maior número de investidores participe de mercados antes restritos. Isso gera uma estrutura sólida, onde os retornos são mais previsíveis e os riscos mitigados pelo arcabouço regulatório.

Além disso, de acordo com um relatório da Bitwise, uma das principais gestoras de ativos no universo cripto, o mercado de tokenização pode atingir US$ 20 trilhões até 2030, impulsionado pela tokenização de títulos, imóveis e outros ativos tradicionais.

Empresas líderes como BlackRock e UBS estão explorando a tokenização de ativos em blockchain, reconhecendo o potencial dessa inovação para melhorar a acessibilidade e promover o crescimento no setor financeiro.

Já a inteligência artificial continua a ser uma força motriz na transformação digital de diversos setores. Estima-se que o mercado global de IA cresça a uma taxa composta anual de 37% entre 2023 e 2030.

Investimentos significativos

Grandes empresas de tecnologia, como Amazon, Alphabet (Google), Microsoft e Meta, planejam investir mais de US$ 300 bilhões em infraestrutura de IA em 2025, aumento significativo em relação aos US$ 230 bilhões investidos no ano anterior. Os investimentos visam garantir o poder computacional necessário para o desenvolvimento e operação de modelos de IA, que essas empresas acreditam que transformarão os negócios.

No entanto, apesar do entusiasmo e dos investimentos maciços, há preocupações sobre o retorno das iniciativas. A introdução de modelos de IA de menor custo por startups, como a chinesa DeepSeek, levanta questões sobre a demanda por recursos computacionais fornecidos pelos principais provedores de nuvem dos EUA. Além disso, relatórios recentes indicam um desempenho decepcionante nas divisões de computação em nuvem de empresas como Amazon, Alphabet e Microsoft, levando alguns investidores a questionar a eficácia de investimentos tão substanciais.

Desse modo, olhando para o cenário atual e as tendências futuras, fica claro que a tokenização representa um investimento muito mais seguro e sólido do que a IA. Enquanto o mercado de inteligência artificial segue a trajetória de hipercompetitividade e desvalorização, a tokenização avança de maneira estruturada, incorporando-se cada vez mais ao sistema financeiro global.

Os investidores que buscam segurança e previsibilidade devem olhar com atenção para o mercado de tokenização, que tende a se consolidar como a evolução regulada e eficiente dos investimentos. Com um ecossistema bem definido e apoio crescente das instituições financeiras, a tokenização está se tornando uma realidade inquestionável e, sem dúvida, uma das melhores oportunidades de investimento da atualidade.

CEO e fundador da BLOCKBR, fintech especializada em tokenização e investimentos em ativos digitais. Investidor estratégico de criptomoedas, dedica-se em blockchain e tokenização de ativos com 22 startups criadas e investidas em seu portfólio. Foi country manager da Coinpayments. É Formado em Análise e Desenvolvimento de Sistemas pela FECAP; Publicidade e Propaganda pelo Centro Belas Artes de São Paulo e Finanças e Inovação pela Universidade de Standford
cassio.krupinsk@moneytimes.com.br
CEO e fundador da BLOCKBR, fintech especializada em tokenização e investimentos em ativos digitais. Investidor estratégico de criptomoedas, dedica-se em blockchain e tokenização de ativos com 22 startups criadas e investidas em seu portfólio. Foi country manager da Coinpayments. É Formado em Análise e Desenvolvimento de Sistemas pela FECAP; Publicidade e Propaganda pelo Centro Belas Artes de São Paulo e Finanças e Inovação pela Universidade de Standford