Investir em dívida emergente exige flexibilidade, diz BlackRock
Amer Bisat, gestor da BlackRock, diz que investir em dívidas de mercados emergentes agora é uma questão de flexibilidade e diversidade, em contraste de como a indústria funcionava quando começou, há mais de três décadas.
Agora é uma estratégia cuidadosa de carteiras ajustadas ao risco em uma variedade de ativos, emissores e regiões geográficas, à medida que os mercados em desenvolvimento se tornam mais sofisticados, disse Bisat, cuja equipe de renda fixa em mercados emergentes administra cerca de US$ 35 bilhões.
“No passado, você comprava o instrumento de maior duração com o maior rendimento. As pessoas compravam moeda forte e fechavam os olhos”, disse à Bloomberg News.
“Hoje, trata-se de uma maneira ajustada ao risco de possuir renda: é um livro em que mais retorno vem do ‘carry’ do que da valorização do preço”.
Os comentários são reforçados pela lista de países nos quais ele vê oportunidades de investimento, que vão desde dívidas corporativas na Argentina, conhecida por sua série de defaults, até as novas potências econômicas da Coreia do Sul e Taiwan. Títulos de algumas empresas turcas são atraentes, enquanto a BlackRock também aposta no México.
Mas, acima de tudo, é a busca por segurança em um ambiente global cada vez mais instável.
“O padrão é maior qualidade, instituições mais fortes, crescimento sustentável, bom macro”, disse Bisat durante webinar na terça-feira. “É onde estamos encontrando quantidades significativas de oportunidades.”
Aposte com segurança
A desglobalização, taxas de juros mais altas e níveis crescentes de dívida tornarão mais difícil para muitas economias em desenvolvimento acumular capital em um ritmo mais rápido nos próximos 10 anos, escreveram Bisat e Karen Leiton, especialista em mercados emergentes da BlackRock, em relatório publicado na quarta-feira.
Investidores devem se concentrar em títulos emitidos por países e empresas de maior qualidade para se proteger contra períodos de baixa, disse Bisat.
Um índice da Bloomberg para títulos corporativos mostra alta de 1% este ano, enquanto o indicador soberano subiu apenas 0,7%.
Ao mesmo tempo, um índice de dívida emitida por governos de mercados emergentes em moeda local tem ganho de 1,8% nesse período.
Títulos em moeda local de países com juros altos são uma aposta atraente agora, disse Bisat, acrescentando que títulos de vencimento mais curto oferecem um “rendimento completo”, pois as curvas dos títulos estão invertidas. Bisat também vê oportunidades em países como Indonésia, República Tcheca, Polônia, Coreia do Sul e Taiwan, disse no webinar da terça-feira, acrescentando que priorizar créditos de alta qualidade é a parte mais importante do investimento em mercados emergentes agora.
“Não estamos tão relutantes em possuir um nome que talvez não dê retornos de dois dígitos, mas, ao mesmo tempo, pode me fazer perder tudo”, disse Bisat. “Com o EM 2.0, tem a ver em possuir aquele que vai dar um rendimento de 7% ou 8%, mas, ao mesmo tempo, você se sentirá muito confortável em possuí-lo, não importa qual seja o macroambiente.”