Investimentos na recessão? Gestoras dão dicas para não perder dinheiro
A XP Investimentos conversou com as gestoras globais JP Morgan, Franklin Templeton e Morgan Stanley sobre as previsões de cada uma delas para o comportamento das taxas de juros, inflação e a possibilidade de uma recessão na economia americana, além de perigos e oportunidades para os investidores em cenários variados.
As gestoras, que não entraram em consenso sobre previsões para o cenário econômico dos próximos meses, deram seus palpites sobre estratégias de investimento para quem deseja proteger seu patrimônio contra o que pode acontecer com a economia nos próximos meses.
JP Mogan: hora de diversificar
A JP Morgan é a gestora que aposta em um cenário mais otimista entre as consultadas.
Considerando o aumento nos juros devido à inflação, uma subida nos preços das commodities e os aumentos de casos de Covid-19 na China, a gestora acredita na possibilidade de uma desaceleração da economia americana, mas em “soft land”, sem maiores danos à atividade econômica geral.
Alguns dos fatores que afastam as chances e recessão mais severa na economia americana seriam o consumo de serviços forte, o alto nível de poupança e o nível de crescimento de lucro das empresas chegando a 10% em 2022, na previsão da gestora.
As incertezas, segundo a corretora, já estariam precificados nos mercados, controlando preocupações.
A diversificação internacional nos investimentos deve ser a chave para atravessar um período como o atual.
Franklin Templeton de olho em bonds e renda fixa
A gestora com as expectativas mais ponderadas acredita que o cenário atual de inflação nos EUA é uma consequência de um erro de política monetária e fiscal — o oferecimento de mais de US$ 2 trilhões em estímulos fiscais, através do Plano de Resgate Americano, quando a economia americana já estava em vias de recuperação.
A Franklin Templeton crê que as injeções de liquidez pelos bancos centrais em todo o mundo causaram disfunções nos mercados, pavimentando caminhos para o avanço galopante da inflação.
Impactos da guerra entre a Rússia e Ucrânia, como novos choques nos preços das commodities, e altas demandas por bens podem colocar “mais lenha na fogueira” no aumento dos preços, segundo a gestora.
O Fed deve elevar as taxas de juros para além dos 2,5% considerados como neutros, enquanto a inflação nos EUA deve ultrapassar os 4% em 2022 — e nem mesmo banco central americano tem muita convicção sobre os efeitos do quantitative tightening que reduzirá a liquidez dos mercados.
Para não dizer que estão excessivamente negativos com o cenário, os analistas da gestora apontam fatores que podem fazer com que a inflação ceda de forma consistente sem impactar o crescimento, como:
- O consumo das famílias, ainda alto nos EUA;
- Setor de serviços em alta com as reaberturas completas das economias no “pós Covid”, com exceção da China e alguns poucos países asiáticos;
- Uma redução nas pressões salariais, principalmente nas vagas de trabalho para classes mais baixas que, pressionadas pela inflação, deverão ter que retornar ao mercado de trabalho;
- E um arrefecimento gradativo nos preços de imóveis e carros, que contribuirão para trazer a inflação naturalmente para baixo.
Se a inflação permanecer acima da média histórica por mais muito tempo, afirma a gestora, as taxas de juros reais também deverão se estabilizar em patamares maiores no longo prazo.
Assim, para o investidor que deseja oportunidades no longo prazo, os portfólios deverão ter exposição estrutural maior em bonds e ativos de renda fixa global em geral.
Morgan Stanley aposta no “stock picking”
Um pouco mais pessimista que as demais gestoras, a Morgan Stanley acredita que o VIX, índice que mede a volatilidade dos preços de uma cesta de opções de empresas do S&P 500 (SPX), atualmente perto de 30%, pode chegar a 40% nos próximos meses.
E o principal motivo, sem grandes surpresas, é o receio inflacionário.
Em suas previsões, o Fed deverá mudar o ritmo de alta de juros no segundo semestre de 2022, aumentando o ritmo dos atuais 50 bps para controlar a inflação de forma mais incisiva.
Até lá, o setor de consumo, principalmente discricionário, deverá sofrer e apresentar resultados fracos.
O que segura as previsões de entrarem em território ainda mais pessimista são balanços de empresas ainda saudáveis, assim como o nível de poupança das famílias.
Diante de tamanha volatilidade e incerteza, a gestora prioriza a seleção de ativos (stock picking) em detrimento de fundos indexados, como os ETFs.
E em uma carteira que vinha focada em empresas de valor, a Morgan Stanley começa a ter mais olhos para empresas que:
- Tenham histórico de lucratividade de longo prazo acima dos seus pares;
- Não tenham problemas fundamentais em seus negócios;
- Tenham corrigido (caído) 20% ou mais em relação aos seus níveis de preços mais altos;
- Tenham valuations razoáveis (não precisam estar extremamente baratas).
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