Gringos tiram R$ 4,63 bilhões da B3 em dois dias – e não devem voltar tão cedo, diz analista
Os investidores gringos sacaram R$ 4,63 bilhões da bolsa de valores brasileira em apenas dois dias. Foram retirados R$ 1,33 bilhão na terça-feira (16) e mais R$ 3,30 bilhões na quarta (17).
Foi nesse período, inclusive, que o Ibovespa (IBOV) perdeu a marca dos 125 mil pontos. O índice fechou o pregão do dia 16 em baixa de 0,75%, a 124.388,62 pontos, e o do dia seguinte em queda de 0,17%, a 124.171,15 pontos.
O receio de que o Federal Reserve não derrube os juros norte-americanos em breve voltou a pressionar a Bolsa. Esta semana, Jerome Powell afirmou que o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) precisará ter mais confiança nos dados econômicos para começar as reduções.
“Os dados recentes claramente não nos deram maior confiança e, ao invés disso, indicam que é provável que demore mais tempo do que o esperado para alcançar essa segurança”, comentou no The Washington Forum.
Lá fora, a divulgação do Livro Bege também pressionou. De acordo com o Livro, os aumentos de preços foram modestos, seguindo o mesmo ritmo do último relatório, e os salários também aumentaram.
Já no Brasil, o presidente do Banco Central ajudou a derrubar o mercado. Em evento da XP com investidores em Washington, Campos Neto disse que a mudança de alvo para o resultado das contas públicas aumenta o cenário de incerteza sobre o controle fiscal.
“O problema é que, temos mencionado isso, a âncora fiscal [contas públicas] e monetária [objetivos de inflação] são muito relacionadas”, afirmou. “Se você perde credibilidade ou se você está indo para um cenário de maior incerteza sobre o âncora fiscal, isso torna mais custoso o trabalho do outro lado”, afirmou.
Ibovespa sofre com saques atrás de saques
O fluxo de capital estrangeiro na bolsa de valores brasileira foi negativo em todos os meses de 2024. Até o dia 16 de abril, o saldo é de R$ 26,1 bilhões, o pior da série histórica desde 2008, segundo os dados da Necton.
O analista da Guide Investimentos, Mateus Haag, destaca que, apesar do recuo do mercado nos últimos dias, a queda acumulada do Ibovespa ainda não chega a 10%. Desde o pico em dezembro de 2023, o índice recua cerca de 8%.
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“Acreditamos que muitos ativos já corrigiram bastante desde dezembro, principalmente ativos mais cíclicos e mais sensíveis às oscilações nos juros, como varejo, construção e outros”, diz.
Entretanto, Haag destaca que o mercado deve continuar na defensiva enquanto o cenário externo continuar negativo, com dúvidas sobre os cortes de juros nos Estados Unidos e conflitos no Oriente Médio.