Investidores são homens das cavernas
Ter sucesso como investidor é algo possível e disponível a todos, mas não é para todo mundo. Na verdade, o sucesso virá para poucos.
Para entender o porquê disso, temos que entender um dos nossos instintos mais básicos de sobrevivência, responsável por nossa existência e evolução como espécie. É esse mesmo instinto que faz 99% das pessoas falharem de forma colossal no mercado de capitais.
O ser humano, desde as épocas mais antigas segue uma lei básica: a lei do menor esforço. Esta é uma verdade que quase todo mundo conhece, por puro senso comum. Ela diz que “quando algo pode ser feito de diferentes maneiras, sempre a melhor opção é a que implica o menor gasto de energia”. Por quê? Porque é mais eficiente: nos leva a obter o mesmo resultado realizando menos esforços.
Em certo momento de nossa existência poupar energia era a diferença entre a vida e a morte. Assim foi que o homem das cavernas evoluiu, gastando menos energia e pensando em formas de gastar ainda menos energia.
Como seria possível caçar um animal sem ter que correr atrás dele feito um doido? Não existiam tênis de corrida.
“Vou usar uma pedra”, pensou um jovem e inovador Homem de Neandertal (vou chama-lo de Nean pra soar mais simpático). Logo os amigos de Nean se juntaram a ele tacando pedras em coelhos e pássaros desavisados. Mas coelhos tem pouca carne, pouca pele, pouca gordura.
Com os séculos, os descendentes de Nean afiaram as pedras e as colocaram em estacas de madeira. Opa! Com o mesmo esforço já era possível caçar javalis, gazelas e até animais maiores como mamutes e búfalos (obviamente juntando uma turma animada de amigos da tribo). Menos esforço, maior recompensa. Mas caçar dá trabalho. E se os alimentos estiverem logo ali, no quintal de casa?
Com o passar do tempo não era mais necessário ser nômade nem caçar, em vez de perambular atrás de alimentos os homens aprenderam a cultivar e a domesticar animais.
Passaram a construir abrigos maiores e mais confortáveis para manter seu calor (e sua energia). E assim, de inovação em inovação a humanidade evoluiu, surgiram as trocas, mercados, vilas, cidades, máquinas, tecnologia e a Internet, onde você , ser humano moderno, está lendo esse artigo.
Mas apesar de nossos carros bacanas, roupas da moda e celulares com poder computacional centenas de vezes maior que a Apolo11, somos ainda, em termos evolutivos, homens das cavernas.
Todos temos em nosso DNA esse gene “poupador de energia”. Se você parar para pensar tudo na nossa vida nos leva a fazer algo gastando menos tempo, esforço e energia. Hoje em dia, gastamos tão pouca energia para sobreviver que nos sobra energia vital e sofremos uma pandemia de obesidade mundial.
Mas, qual a relação disso com os investimentos? O ser humano tem por instinto básico buscar o caminho mais rápido (ou que pareça ser o mais rápido). Isso é mais forte que nossa razão.
E no mercado acionário, na Bolsa de Valores, o caminho que parece mais rápido também é o mais arriscado e geralmente é o que faz as pessoas perderam muito dinheiro como investidores. O caminho mais rápido não leva a lugar algum!
Acredite, ações são o melhor investimento no longo prazo. Nada supera o investimento em ações no longo prazo. Mas acontece que “as pessoas não querem ficar ricas devagar”, como diz Warren Buffett. Os novos investidores querem soluções mágicas, fórmulas secretas o mapa da mina.
Querem ganhar dinheiro rápido. Muitas vezes, essa ganância, associada a doses de falta de conhecimento e pitadas de inocência, leva o investidor a cair em golpes e falcatruas.
O sucesso na Bolsa de Valores está mais associado à paciência e consistência do que qualquer outra atividade do ser humano. Ser paciente e consistente ao longo de 20 anos ou 30 anos é algo que contraria os nossos instintos mais básicos. E é por isso que as pessoas perdem dinheiro com ações.