Investidores retiram mais de US$ 7 Bi da Tether (USDT), gerando temores sobre reservas da moeda
Investidores retiraram mais de US$ 7 bilhões da Tether (USDT), desde que a moeda perdeu sua paridade com o dólar na semana passada, levantando temores sobre as reservas da maior stablecoin do mercado.
O fornecimento de Tether em circulação teve uma queda considerável na última semana, saindo de US$ 83 bilhões para menos de US$ 76 bilhões, nesta terça-feira, segundo a CNBC.
Stablecoin (ou “moeda estável”, em português) representa uma categoria de criptoativo que tem lastro e paridade em algum ativo, geralmente o dólar, como no caso de USDT.
No entanto, na última quinta-feira (12), Tether, que deveria sempre estar cotada a US$ 1, perdeu sua paridade com a moeda americana ao atingir US$ 0,94, após o pânico causado pelo colapso de TerraUSD (UST), a stablecoin da rede Terra.
No momento de publicação desta notícia, USDT estava cotada a US$ 0,999, segundo dados do CoinMarketCap.
Tether e sua polêmica com reservas da stablecoin
A maioria das stablecoins do mercado tem reservas em moedas fiduciárias. A ideia por trás disso é que a criptomoeda tenha garantia o suficiente, caso usuários decidam retirar seus fundos da stablecoin.
Esse não é o caso de TerraUSD e DEI, do protocolo Deus Finance, pois essas stablecoins são consideradas stablecoins algorítmicas.
No caso da Tether, a companhia com o mesmo nome da stablecoin e responsável por seu desenvolvimento afirmou, anteriormente, que todos os tokens tinham garantia de 1 para 1, em dólar, armazenados em um banco.
Porém, após um acordo com a procuradoria-geral de Nova York no ano passado, a companhia Tether revelou que parte das reservas da stablecoin estava em uma variedade de outros ativos, incluindo papéis comerciais, um instrumento de dívida de curto prazo sem garantia, emitido por empresas.
Com isso, Tether voltou aos holofotes, mas por motivos negativos.
Em seu mais recente relatório sobre as reservas da stablecoin, Tether tinha cerca de US$ 4,2 bilhões em dinheiro físico, mas a maioria da reserva — US$ 34,5 bilhões — era composta de títulos do Tesouro americano com vencimento abaixo de três meses. Além disso, US$ 24,2 bilhões estavam em papéis comerciais.
Outro fator eleva a polêmica da Tether, de acordo com a CNBC. Os relatórios trimestrais da companhia são assinados por MHA Cayman, uma empresa com sede nas Ilhas Cayman, que conta somente com três funcionários, segundo sua página no LinkedIn.
Usuários pedem explicações
Nesta terça-feira, um usuário no Twitter pediu ao diretor de tecnologia (CTO) da Tether, Paolo Ardoino, uma auditoria completa sobre as reservas de USDT.
Em sua resposta, Ardoino insistiu que a stablecoin tinha “reservas completas” e que US$ 7 bilhões haviam sido resgatados nas últimas 48 horas.
“Nós podemos continuar caso o mercado queira, nós temos toda a liquidez para lidar com grandes resgates e pagar [com a paridade de] 1 para 1 a todos”, disse o CTO.
Em outro tuíte, Ardoino disse que a Tether ainda estava trabalhando em uma auditoria.
Desestabilização aumenta pressão por regulamentação
A perda da paridade com o dólar de TerraUSD e Tether foi notada por autoridades americanas. A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, citou a queda de TerraUSD como exemplo em uma audiência, para pedir o adiantamento de uma regulamentação sobre stablecoins até o final de 2022.
“Uma stablecoin conhecida como TerraUSD experienciou uma saída de investidores e registrou queda em seu valor. Acredito que isso simplesmente ilustra que este é um produto em rápido crescimento e que existem riscos crescentes”, disse Yellen.
A secretária do Tesouro acrescentou que “é importante, até mesmo urgente”, que o Congresso aprove uma legislação sobre stablecoin até o final deste ano.
No último final de semana, a perda da paridade das stablecoins também atingiu a moeda estável de Deus Finance — DEI — que até agora não conseguiu se recuperar. No momento de publicação desta notícia, a stablecoin, que deveria estar cotada a US$ 1, estava cotada em US$ 0,560.
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