Finanças Pessoais

Investidores não sabem investir

10 mar 2018, 17:57 - atualizado em 10 mar 2018, 17:57

Luiz Augusto Pacheco é sócio da Inva Capital. Texto originalmente publicado em Plano de Voo.

Já escrevi diversas vezes no Plano de Voo que grande parte dos investidores tende a ter uma performance mediocre. Eles exageram tanto em notícias ruins quanto nas boas (vendem na mínima e compram na máxima) e acabam tendo rentabilidade distante do mercado. Na imagem abaixo, podemos ver que o investidor médio só ganhou da inflação em 20 anos.

Lembrei disso ao ler uma frase do Josh Brown:

Aconselhamento financeiro é o único negócio em que você se sai melhor dando aos clientes o que eles precisam ao invés do que eles querem.

Essa é a mais pura verdade. Nosso trabalho é tirar a parte psicológica das decisões e ajudar nossos clientes a manter o foco em suas estratégias, as vezes explicar o inexplicável, nos manter calmos quando as coisas não funcionam e ficar preocupados quando tudo está bem. Como vimos (duas vezes) um financial advisor consegue ajudar, e muito, o cliente.

Mas claro, não é qualquer financial advisor (se alguém tiver uma tradução melhor que consultor financeiro, sou todo ouvidos) que terá sucesso no longo prazo. Em outro artigo, Brown comparou o financial advisor profissional com o amador (adicionei os links e os negritos):

Como os financial advisors profissionais começam em 2018 contra amadores que pensam que são profissionais? Eu posso falar disso pela experiência, tendo sido o último e, agora, cercado por ótimos exemplos do primeiro…

Os profissionais aproveitam esta oportunidade para gerenciar as expectativas dos clientes, ressaltando que os retornos de 2017 estavam acima da média (o triplo) e que, provavelmente, não representarão um retorno anual médio daqui pra frente.

Os amadores usam os retornos do ano passado para pedir mais dinheiro. “Eu fiz para você 18% em 2017, vamos falar sobre os recursos que ainda não estão comigo. E talvez algumas referências.”

Os profissionais mantêm alocações até o início de janeiro, com talvez algum rebalanceamento.

Os amadores giram posições, gerando comissões e, possivelmente, impostos, e começam a falar sobre o “playbook” para o ano novo.

Os profissionais apontam para as posições que não subiram tanto quanto as ações dos EUA e globais como um momento de aprendizado e uma lembrança de que, para a alocação estratégica de ativos funcionar, nem tudo pode subir ao mesmo tempo.

Os amadores procuram substituir as posições que são “decepcionantes” para os clientes, desinvestem de fundos com base no desempenho do ano passado e reduzem a exposição em classes de ativos que não estão “funcionando”.

Os profissionais analisam o planejamento financeiros dos clientes e têm conversas incômodas, mas essenciais, com as famílias que estão aquém dos seus objetivos.

Os amadores procuram listas do tipo “As cinco ações mais quentes para 2018” e enviam gráficos com retorno de três anos dos fundos que querem adicionar às carteiras.

Os profissionais conversam com os clientes que estão superando seus objetivos sobre eduzir a exposição à ações.

Os amadores conversam com os clientes sobre a adição de novas estratégias de hedge e mais investimentos alternativos.

Os profissionais admitem que não sabem o que o ano novo trará e se concentrarão no resultado duradouro do que estão fazendo.

Os amadores têm metas de preço para o fim do ano e apostas setoriais imperdíveis.

Os profissionais manterão os clientes focados nas coisas importantes e realizarão seu o trabalho em 2018, aconteça o que acontecer.

Os amadores direcionarão a atenção do cliente para todas as métricas erradas e, inevitavelmente, não alcançarão as metas, o que significa mais prospecção em 2019.