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Investidores na Argentina esperam pagamento de título há 85 dias

03 dez 2019, 17:03 - atualizado em 03 dez 2019, 17:06
Argentina Bandeira
Muitos estavam dispostos a dar o benefício da dúvida ao país, esperando que o governo acabasse ajustando as regras para evitar que as empresas deixassem de pagar suas obrigações (Imagem: Reuters/Marcos Brindicci)

Como a maior parte de um pagamento de títulos de dívida de US$ 135 milhões estava bloqueada por uma série de novos controles de capital, a maioria dos investidores da empresa imobiliária argentina IRSA decidiu sentar e esperar.

Afinal, o país estava em meio a outra possível crise cambial, e autoridades corriam para implementar novas regras de câmbio na tentativa de segurar a desvalorização do peso.

Muitos estavam dispostos a dar o benefício da dúvida ao país, esperando que o governo acabasse ajustando as regras para evitar que as empresas deixassem de pagar suas obrigações.

Mas essa paciência acabou.

Faz mais de 80 dias que investidores estrangeiros foram informados de que o dinheiro que a IRSA reservou para pagar suas dívidas não pôde ser enviado para suas contas no exterior devido aos novos controles do governo. Durante o período, houve poucos sinais de avanço para uma solução.

De fato, membros do governo sinalizaram aos detentores de dívida que há poucas chances de conseguirem transferir seus dólares para o exterior antes de 10 de dezembro, quando o presidente eleito, Alberto Fernández, toma posse, de acordo com pessoas com conhecimento das discussões. E, além disso, as perspectivas são ainda mais incertas.

O banco central da Argentina não respondeu a um pedido de comentário sobre a situação dos controles de capital (Imagem: Reuters/Agustin Marcarian)

A crescente frustração dos credores é outra sombra que paira sobre um país que, apesar de enfrentar problemas mais prementes no momento, em breve estará novamente buscando capital estrangeiro para reaquecer uma economia em declínio.

Cerca de US$ 55 milhões dos US $ 135 milhões foram distribuídos a investidores de títulos locais, de acordo com uma pessoa com conhecimento direto do assunto, deixando cerca de US$ 80 milhões efetivamente bloqueados.

“Por enquanto, prefiro não investir lá”, disse Amos Poncini, gestor de fundos da CBH Compagnie Bancaire Helvetique, em Genebra, um dos poucos investidores que conversaram com a Bloomberg após o bloqueio dos pagamentos dos títulos da IRSA. “Mesmo que algumas oportunidades muito interessantes apareçam, o momento e o ambiente operacional não são favoráveis para um investidor internacional tradicional.”

A IRSA não quis comentar o status do pagamento de títulos, assim como os representantes dos depositários de títulos Euroclear e Clearstream.

O banco central da Argentina não respondeu a um pedido de comentário sobre a situação dos controles de capital. Um representante da equipe de Fernández não respondeu imediatamente a perguntas sobre as perspectivas de longo prazo das medidas.