Investidores estrangeiros voltaram para o IBOV: Brasil é ‘muito volátil, mas constante’, diz economista-chefe do PicPay
No mês de janeiro, os investidores estrangeiros ingressaram com R$ 6,824 bilhões na B3. O resultado é um contraponto aos números de 2024. No ano passado, os investidores estrangeiros retiraram R$ 24,2 bilhões da bolsa brasileira — a maior saída líquida de recursos desde 2016. Pesaram na confiança dos gringos a aceleração da inflação, a retomada do aperto monetário, a alta do dólar e a deterioração do cenário fiscal.
Ariane Benedito, economista-chefe do PicPay, destaca que a volta dos investidores reflete a mudança de um cenário incerto para um adverso, mas com maior clareza sobre os desafios.
“Já aceitamos que a inflação será mais alta, que os juros permanecerão elevados e que, apesar disso, o Brasil continuará crescendo”, afirma em entrevista exclusiva para o Money Times.
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A economista aponta que as projeções são de um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de para o final do ano, sendo que há um sentimento positivo sobre o crescimento brasileiro. O consumo segue aquecido, e os investidores estão retomando posições no país, ao reconhecerem o potencial do PIB e a capacidade de crescimento do Brasil, que, apesar das dificuldades e da volatilidade, mantém certa constância.
“O Brasil é muito volátil, mas também é muito constante. Eu brinco que até nos erros a gente costuma ser constante e tende a sempre fazer a mesma coisa. Então, passamos um cenário incerto para um cenário adverso e o investidor está mais confiante”, afirma.
Fatores que ajudaram a resgatar os investidores gringos
Benedito lembra que a perda de credibilidade impactou o Ibovespa ao longo de 2024, mas que, por outro lado, o resultado das empresas surpreendeu. Isso ajuda o investidor a se sentir mais confortável e retomar as apostas no país.
Outro fator importante foi a atuação do Banco Central nos swaps cambiais em dezembro, quando o BC realizou uma sequência histórica de 14 intervenções no câmbio, injetando US$ 32,575 bilhões no mercado. O mercado interpretou que, mesmo com a volatilidade do câmbio, há capacidade de intervenção e suporte, mantendo as reservas ao nível satisfatório.
“Além disso, a rolagem da dívida pública foi bem executada, com forte demanda e boa aceitação do rebalanceamento da carteira do Tesouro. Embora a taxa de juros elevada encareça a dívida, essa gestão contribui para a segurança dos investidores”, completa.