Internacional

Investidores de títulos enfrentam duplo golpe na América Latina

29 out 2019, 16:52 - atualizado em 29 out 2019, 16:52
Na segunda-feira, a Venezuela não fez o pagamento associado aos últimos US$ 60 bilhões em títulos do país que não estavam em default (Imagem: Divulgação via REUTERS)

Esta semana marca a pena de morte para o que antes eram as duas das apostas mais populares nos mercados emergentes.

Na segunda-feira, a Venezuela não fez o pagamento associado aos últimos US$ 60 bilhões em títulos do país que não estavam em default, o golpe final para investidores que enfrentam sanções que restringiram as negociações e pressionaram ainda mais os preços dos títulos.

Um dia antes, o presidente da Argentina, Mauricio Macri, havia perdido a reeleição para o candidato da esquerda, consolidando as expectativas dos investidores de uma dura reestruturação da dívida que deixou os títulos de referência negociados a apenas 40 centavos de dólar.

Os eventos se mostraram especialmente difíceis para gestores de recursos como Pacific Investment Management, BlackRock e Ashmore Group, que acumularam títulos das duas nações há alguns anos, apostando que o governo Macri revigoraria a economia argentina e que um governo mais amigável aos investidores assumiria o controle em Caracas, resgatando o país após anos de políticas socialistas desestabilizadoras.

Os gestores de recursos dizem que as ondas vendedoras nos dois países servem como um aviso para credores que estão ansiosos demais para emprestar bilhões de dólares a países em desenvolvimento que oferecem maior rendimento, num momento em que mais de US$ 13 trilhões em títulos são negociados com taxas negativas.

“A questão é: até que ponto os rendimentos negativos e essa busca por rendimentos estão cegando os investidores?”, disse Jean-Dominique Butikofer, chefe de renda fixa de mercados emergentes da Voya Investment Management, com sede em Atlanta. “Os investidores entraram em algumas dessas operações como se fosse bungee jumping, mas há um momento em que a corda se rompe.”