Commodities

Investidores apostam em commodities à espera de novo boom

21 dez 2020, 16:47 - atualizado em 21 dez 2020, 16:48
Os preços já deram um salto em relação à mínima no segundo trimestre. Cobre, minério de ferro e soja atingiram os níveis mais altos em mais de seis anos (Imagem: Dhiraj Singh/Bloomberg)

Por quase uma década, as commodities estiveram fora de moda. Agora, quando investidores vasculham o mercado em busca da grande aposta da reflação, o setor está entre os favoritos novamente.

Investidores de peso como Point72 e Pimco apostam em valorização dos preços das commodities. O Goldman Sachs, referência em Wall Street, prevê um novo mercado altista para rivalizar com o boom impulsionado pela China nos anos 2000 e com os picos do preço do petróleo dos anos 1970.

“Acreditamos realmente que os fundamentos já estão prontos para o início de um novo bull market estrutural”, disse Robert Howell, estrategista de pesquisa sênior da Gresham Investment Management, a unidade focada em commodities da Nuveen, com US$ 5,8 bilhões em ativos no setor. “Nos próximos anos, é altamente provável que muitos investidores olhem para 2020 e se perguntem como não perceberam esses sinais de um novo bull market de commodities.”

Os preços já deram um salto em relação à mínima no segundo trimestre. Cobre, minério de ferro e soja atingiram os níveis mais altos em mais de seis anos, estimulados por uma onda de compras da China.

Tabela
(Fonte: Bloomberg)

Mas agora importadores chineses são acompanhados por investidores macro globais, atraídos pelas commodities com uma aposta na recuperação da economia global, bem como proteção contra a perspectiva de aceleração da inflação.

As commodities são ativos cíclicos estereotipados, que sobem e descem em sincronia com a economia global. Isso as coloca em primeiro lugar na fila para se beneficiarem da recuperação que pode ser desencadeada pelas vacinas contra o coronavírus.

“Estamos otimistas em relação às commodities em geral, já que a recuperação do crescimento econômico global e a possibilidade de avanço da inflação devem apoiar os preços”, afirma Evy Hambro, que ajuda a administrar US$ 16 bilhões como responsável global de investimentos temáticos e setoriais da BlackRock.

Nic Johnson, que administra cerca de US$ 20 bilhões em investimentos em índices de commodities, bem como um hedge fund da Pimco, acredita que as commodities “se beneficiarão com o tema reflacionário global”.

Claro, nem todos são otimistas.

Por um lado, os preços já subiram muito. Johnson, da Pimco, diz estar “muito otimista” com o gás natural dos EUA, mas não espera que os preços agrícolas subam, a menos que haja uma queda significativa das safras no hemisfério sul.

Analistas do JPMorgan Chase alertaram na semana passada que o ciclo de crédito chinês já atingiu o pico e preveem preços mais baixos dos metais básicos ao longo de 2021. E, enquanto alguns temem a aceleração da inflação, outros veem poucos motivos para preocupação sob o argumento que a atividade econômica global permanecerá abaixo da capacidade por vários anos.

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