Mercados

Investidor entra no modo “ver para crer” e “refém” do exterior

07 dez 2018, 10:28 - atualizado em 07 dez 2018, 10:38

Enquanto o governo Bolsonaro busca aliados para poder avançar com as reformas econômicas prometidas, os investidores parecem ter entrado em um modo “ver para crer” no curto prazo, avaliam analistas. Esta pode ser uma das respostas para o caminhar errático do mercado, ainda que perto do nível recorde, nos últimos dias. Isso sem falar do cenário externo conturbado.

“A reforma da Previdência segue como um “sonho” aos investidores, com Bolsonaro começando a indicar a possibilidade de fatiamento dessa proposta, a começar pela elevação da idade mínima para a aposentadoria, alegando dificuldades em angariar apoio para a votação do atual texto (elaborado na gestão de Michel Temer)”, destaca Cleber Alessie da corretora H.Commcor.

Uma pesquisa divulgada ontem pela XP Investimentos mostra que entre os deputados que integrarão a Câmara a partir de fevereiro de 2019, 79%  acreditam na necessidade de se reformar a Previdência e 68% avaliam ser provável que uma reforma constitucional sobre o tema seja aprovada no ano que vem.

Ainda assim, apenas 42% defendem a manutenção ou elevação da idade mínima que consta da proposta atual (62 anos para mulheres e 65 para homens).

Itaú BBA abriu rcentemente uma recomendação de venda do ETF (Exchange Traded Fund) do Ibovespa, o BOVA11 ou BOVV11, “tendo em vista a falta de gatilhos de curto prazo”.

“Os investidores estrangeiros voltaram a ser vendedores líquidos de ações brasileiras e permanecem com posições vendidas nos contratos futuros do Ibovespa no mês de novembro”, explicam Lucas Tambellini, Fabio Perina, Guilherme Reif e Larissa Nappo.

Eles avaliam que, se os investidores estiverem buscando sinais mais concretos de progresso na agenda de reformas antes de retornarem ao mercado brasileiro, talvez tenham que esperar até que o novo Congresso comece a funcionar em fevereiro de 2019.

Reforma

Bolsonaro também indicou que  a reforma da Previdência em seu governo poderá ser aprovada em diferentes fases. Segundo ele, há uma “forte tendência” de começar a votação pela idade mínima. “É menos difícil de aprovar”, disse.

MCM Consultores avalia que, ao se focar num determinado ponto, são maiores as chances de sucesso de aprovação de maneira fatiada. Ainda assim, a articulação parece estacionada.

A H.Commcor pontua, contudo, que este posicionamento positivo “não tem garantido resiliência aos ativos locais, reforçando o posicionamento de “ver para crer” dos investidores”, ressalta Alessie. Ele lembra que essa insegurança torna os ativos brasileiros “reféns” do movimento internacional, o qual tem sido preocupante em meio a uma conjuntura de continuidade da cautela comercial entre EUA e China e receios de desaceleração da atividade global.

A agência de estatísticas da União Europeia (Eurostat) informou nesta sexta-feira que a economia da zona do euro cresceu 0,2% no terceiro trimestre de 2018. É o nível mais lento de crescimento econômico desde o segundo trimestre de 2014.

Fundador do Money Times | Editor
Fundador do Money Times. Antes, foi repórter de O Financista, Editor e colunista de Exame.com, repórter do Brasil Econômico, Invest News e InfoMoney.
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