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Investidor em Lisboa muda foco para imóveis mais baratos

12 out 2019, 9:03 - atualizado em 11 out 2019, 14:28
Em 2014, a Krest Real Estate Investments comprou nove edifícios no centro de Lisboa por 46,5 milhões de euros (US$ 51,2 milhões)

A hora de comprar, disse o barão de Rothschild após a batalha de Waterloo, é “quando há sangue nas ruas, mesmo que o sangue seja seu”. As calçadas de Portugal podem não ter ficado literalmente ensanguentadas entre 2011 e 2014, mas os investidores estavam fugindo enquanto o país tentava se recuperar com um resgate internacional. Exceto Claude Kandiyoti, que estava em busca de imóveis em Lisboa para comprar.

Em 2014, a Krest Real Estate Investments, holding familiar de Kandiyoti com sede em Bruxelas, comprou nove edifícios no centro de Lisboa por 46,5 milhões de euros (US$ 51,2 milhões). Hoje, o portfólio de 33.646 metros quadrados vale pelo menos três vezes mais, disse.

“Não somos grandes incorporadores; somos apenas uma família que entendeu o país”, disse durante entrevista Kandiyoti, cuja família também investe em hotéis, os chamados “retail parks”, depósitos e novos projetos residenciais em Portugal. Ele disse que a Krest não tem planos de comprar imóveis residenciais no centro da cidade, pois os preços estão muito altos.

O boom imobiliário de Lisboa elevou os preços dos imóveis na capital em 66% desde o primeiro trimestre de 2016, uma alta superior aos reajustes dos salários, aumentando a pressão sobre o governo para oferecer mais moradias populares. Agora, mesmo investidores como Kandiyoti, que podem obter grandes retornos com suas apostas em Lisboa, começam a soar o alarme sobre os preços imobiliários no centro da cidade.

Kandiyoti tem familiaridade com Portugal. Sua família tem feito negócios com o país do sul da Europa há quase três décadas no ramo de comércio de tecidos. A holding familiar decidiu investir em imóveis depois que Portugal buscou ajuda internacional em 2011, porque havia uma “janela de oportunidade” para investir em um país que tentava reagir, afirmou.

“Queríamos fazer parte disso”, disse Kandiyoti. “É ótimo estar em uma país que está saindo de uma crise, se reconstruindo, recuperando a confiança. Essa confiança está de volta agora.”

Moradias a preços acessíveis

Hoje, como a bonança imobiliária de Lisboa continua a valorizar os preços, Kandiyoti diz que é hora de investir em projetos imobiliários mais acessíveis aos moradores locais. Atualmente, sua empresa está construindo três prédios em Miraflores, uma área residencial a 11 quilômetros a oeste de Lisboa, para famílias e um “novo tipo de português que está voltando e pode pagar”, disse Kandiyoti.

Os preços dos imóveis no projeto Jardim Miraflores, de Kandiyoti, variam de 3.500 euros a 5.000 euros por metro quadrado. É menos da metade do preço de um apartamento na Avenida da Liberdade, em Lisboa, onde um metro quadrado pode custar 10.500 euros, segundo a corretora imobiliária Jones Lang LaSalle.

“No final das contas, são apenas os estrangeiros que podem pagar”, disse Kandiyoti, referindo-se aos preços no centro da cidade. “Os portugueses estão saindo da cidade. O que acontecerá se os estrangeiros decidirem se mudar?”.

Portugal tornou-se um ímã para investidores estrangeiros que compraram imóveis em todo o país quando a economia começou a se recuperar do resgate coordenado pela União Europeia e pelo Fundo Monetário Internacional. Uma decisão do governo em 2012 de oferecer vistos de residência a compradores de imóveis e incentivos fiscais para residentes estrangeiros ajudou a alimentar um boom que transformou a visão das colinas de Lisboa com novos hotéis, apartamentos Airbnb e espaços de coworking para uma nova onda de residentes estrangeiros.

Lisboa ainda é relativamente barata em termos de preços de propriedades em comparação com outras capitais europeias. Uma transação de valor médio de uma nova propriedade em Lisboa foi de 3.482 euros por metro quadrado em 2018, em comparação com 4.345 euros por metro quadrado em Madri e 12.910 euros por metro quadrado em Paris, segundo o Índice de Propriedades de 2019 da Deloitte.

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bloomberg@moneytimes.com.br

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