Comprar ou vender?

Investidor deve mirar as sobreviventes da crise para próximo ciclo, diz Pedro Cerize

22 mar 2017, 21:16 - atualizado em 06 nov 2017, 18:52

Pedro Cerize

O gestor Pedro Cerize é uma daquelas pessoas mais interessantes de se ouvir em momentos de instabilidade e dúvida como essa. Sempre com o pé no chão, o fundador da Skopos consegue identificar as mudanças de ciclos econômicos e como se posicionar no mercado para tirar o melhor proveito deles.

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“Para mim, empresa que passou por essa crise e ainda dá lucro mostrou resiliência. E assim como na natureza, quem sobrevive na evolução nem sempre é o mais forte, mas, os que se adaptam às mudanças do ambiente. Quem sobreviveu e está negociando a múltiplo histórico é para fazer parte de uma carteira para o próximo ciclo”, disse em entrevista ao Money Times.

Veja, a seguir, a íntegra da entrevista:

Parte do mercado já parece colocar nos preços um processo de melhora das contas fiscais com as aprovações das reformas, enquanto outro lado ainda tem dúvidas sobre o andamento do processo. É um momento parecido com o do impeachment?

Sim, existe uma antecipação, mas não uma certeza de que irá ocorrer. Quanto mais convencido da viabilidade e da profundidade das reformas mais mercado antecipa um futuro melhor.

A visão de que o Brasil deixou para trás o risco de entrarmos em algo parecido como a “nova matriz econômica” ficou para trás ou devemos esperar 2018? Como se posicionar neste cenário se as empresas ainda têm mostrado balanços ruins?

Um ano ruim não tem um impacto relevante no valor de uma empresa. A expectativa futura é muito mais relevante. Se o Brasil vai ser um Chile ou uma Venezuela no futuro, sempre vai ter mais peso que o balanço do ano passado.

O Brasil está preparado para entrar em um novo ciclo de crescimento econômico? Quem pode puxar isso? Com as commodities instáveis, teremos que desta vez melhorar a eficiência para crescer?

Ainda não. Ainda falta aprovar as reformas que garantam a sustentabilidade fiscal e eleger um governo comprometido com essas reformas. Existe um espaço enorme e quase gratuito para crescer agora. Ocupar capacidade ociosa e reempregar desempregados. Desafio surge depois, quando economia atingir pleno emprego. A partir daí, só com reformas que melhorem a produtividade. Isso nunca vimos e só estamos discutindo superficialmente com a reforma trabalhista.

Olhando para a Bolsa hoje existe algum setor ou empresa que parece ainda muito barato? O que o mercado parece não estar vendo, de um modo geral, e que você acha importante destacar (tendência, empresa, setor)?

Para mim, empresa que passou por essa crise e ainda dá lucro mostrou resiliência. E assim como na natureza, quem sobrevive na evolução nem sempre é o mais forte, mas, os que se adaptam às mudanças do ambiente. Quem sobreviveu e está negociando a múltiplo histórico é para fazer parte de uma carteira para o próximo ciclo.

O risco político, algo talvez pouco calculado nas análises até alguns anos, é um novo normal no Brasil?

Risco político sempre vai existir. Novo normal é um termo usado para descrever a situação presente que todos acham que sempre vai permanecer igual. Não gosto de usá-lo. As coisas sempre mudam.

Existe algum outro assunto que você gostaria de destacar?

Se o governo Temer aprovar o teto e a reforma da previdência, já terá sido o maior político brasileiro pós-democratização. Se soubesse teria votado na chapa dele.

Fundador do Money Times | Editor
Fundador do Money Times. Antes, foi repórter de O Financista, Editor e colunista de Exame.com, repórter do Brasil Econômico, Invest News e InfoMoney.
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