Investidor abriu os olhos para Usiminas? BTG vê surpresas positivas pela frente
Em meio a mais um dia de alta do minério de ferro, as ações da Usiminas (USIM5) dispararam pelo segundo dia consecutivo.
O papel da siderúrgica fechou o pregão desta quinta-feira com forte valorização de 9,25%, negociado a R$ 16,65. Poderia ser mais um movimento generalizado entre mineradoras e siderúrgicas, mas a Vale (VALE3) terminou o dia praticamente estável, enquanto a CSN (CSNA3) não apresentou nem de longe o mesmo fôlego que a Usiminas, tendo encerrado em alta de 2,66%.
Estaria o mercado mais confiante com o potencial da Usiminas? O BTG Pactual (BPAC11), em relatório divulgado na terça-feira (21), destacou que a ação da companhia caiu muito nas últimas semanas, um movimento encarado pelos analistas como injustificado.
“Embora entendamos a complexidade do ambiente atual e que os investidores tenham de forma indiscriminada reduzido a exposição às commodities nas últimas semanas, acreditamos que a correção na Usiminas foi longe demais”, comentaram Leonardo Correa, Caio Greiner e Bruno Lima, autores do relatório.
“É importante notar que a empresa está com alavancagem abaixo do ‘ponto ótimo’ (caixa líquido – deve acumular R$ 3-4 bilhões até 2021), e é principalmente uma siderúrgica, onde os lucros deveriam ser mais isolados da ‘crise do minério de ferro’ (discussão de descarbonização)”, complementaram os analistas.
Assumindo uma queda de 20% nos preços do aço em 2022 – o que, na opinião do BTG, é uma estimativa conservadora – e a unidade de negócio de minério de ferro gerasse Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) zero (estimativa também conservadora), a empresa ainda apresentaria Ebitda de aproximadamente R$ 7 bilhões no ano.
“Isso implicaria em uma queda de 50% em relação aos níveis de 2021, e parece bastante conservador, a nosso ver”, afirmaram Correa, Greiner e Lima.
Os analistas acreditam que existe probabilidade de os preços do aço permanecerem mais resilientes conforme a China avança com seus planos de descarbonização, restringindo a produção do material no país. Nesse cenário, o BTG vê a ação em 1,8-2 vezes o Ebitda para 2022, muito descontada.
“Com aço BQ chinês perto de US$ 930/tonelada e balanços mais apertados à frente, acreditamos que fundamentos para a indústria permanecem sólidos nos próximos meses e em 2022”, comentaram.
Fluxo de caixa
Uma das maiores preocupações dos investidores em se tratando da Usiminas é o fluxo de caixa. Mas, saindo em defesa da companhia, o BTG destacou que as opções de alocação de capital permanecem limitadas.
“Poderíamos argumentar que vemos muito poucas opções relevantes, especialmente considerando a extensão da vida da mina da MUSA até 2029. A decisão de investimento provavelmente viria apenas em 2024 e as saídas de caixa seriam mais graduais do que se pensava anteriormente”, disseram os analistas.
O banco pontuou que o único investimento relevante no curto prazo é a reforma do BF3. Aproximadamente R$ 2 bilhões serão desembolsados em cerca de três anos, que deve ser concluída em meados de 2023.
Mesmo com os investimentos esperados para os próximos anos, o BTG vê a Usiminas gerando rentabilidade de fluxo de caixa de aproximadamente 25% em 2022 e encerrando o ano com uma posição de caixa líquido superior a R$ 5 bilhões.
“Ventos positivos”
O BTG reiterou a compra da ação da Usiminas, com preço-alvo de R$ 24, por acreditar que a companhia continuará surpreendendo de forma positiva o mercado nas suas principais divisões (aço e minério de ferro), com “ventos positivos” para os preços.
“Com preços saudáveis de aços planos em todo o mundo e sólida demanda no Brasil, acreditamos que a dinâmica dos lucros é forte demais para ser ignorada”, afirmaram Correa, Greiner e Lima.
A Usiminas tem a avaliação mais barata da cobertura do BTG. O banco enxerga a ação sendo negociada a 1,6 vez EV/Ebitda (valor da empresa sobre Ebitda) para 2022. Parte disso é explicada pelo rebalanceamento do EV, que o BTG acredita que não está precificado.
“No próximo ano, mesmo com investimento mais alto, o valor da firma pode comprimir ainda mais, o que acreditamos exercer um impacto muito forte de tornar mais barato suas métricas de avaliação – nunca vimos essa ação ser negociada abaixo de 2 vezes o Ebitda em nossos anos de cobertura do nome (um múltiplo de meio de ciclo deve estar acima de 5 vezes o Ebitda)”, completaram os analistas.