Empresas

Inveja de Bezos com Elon Musk fez Amazon falhar em incentivos do governo

03 fev 2020, 15:24 - atualizado em 03 fev 2020, 15:29
A conturbada disputa com estilo de reality show gerou grande cobertura da mídia, atraiu lances bajuladores de 238 cidades da América do Norte e terminou com a Amazon decidindo dividir o chamado HQ2 (Imagem: Facebook/Jeff Bezos)

Quando Elon Musk conseguiu US$ 1,3 bilhão do estado de Nevada em 2014 para abrir uma gigantesca fábrica de baterias, Jeff Bezos prestou atenção.

Nas reuniões, o fundador da Amazon.com teria demonstrado inveja de como Musk colocou cinco estados da costa oeste dos Estados Unidos um contra o outro em uma guerra de lances por milhares de empregos na indústria. Bezos se perguntou por que a Amazon se conformava em aceitar incentivos comparativamente insignificantes.

Era um tema que Bezos retomava com frequência, segundo quatro pessoas a par do assunto.

Então, em 2017, um executivo da Amazon enviou um e-mail elogiando sua equipe por conseguir US$ 40 milhões em incentivos do governo para construir um centro aéreo de US$ 1,5 bilhão nos arredores de Cincinnati. A quantia insignificante irritou Bezos, dizem as pessoas, e o deixou ainda mais determinado a tentar algo novo.

E então, quando a Amazon lançou um plano para uma segunda sede em setembro de 2017, a empresa deixou claro que estava buscando incentivos do governo em troca da promessa de investir US$ 5 bilhões e contratar 50 mil pessoas.

A conturbada disputa com estilo de reality show gerou grande cobertura da mídia, atraiu lances bajuladores de 238 cidades da América do Norte e terminou com a Amazon decidindo dividir o chamado HQ2 entre Nova York e Virgínia.

Então políticos progressistas atacaram os US$ 3 bilhões em incentivos oferecidos por Nova York, e Bezos desistiu do projeto.

A Amazon foi amplamente ridicularizada por seu fracasso em conquistar políticos de Nova York. Para entender por que isso aconteceu, a Bloomberg entrevistou várias pessoas que acompanharam a iniciativa da Amazon. A história, revelada pela primeira vez, mostra uma equipe que se tornou vítima de sua própria arrogância.

A frustração de Bezos com o que considerou pouca generosidade do governo levou os executivos a abandonarem as lições aprendidas ao longo dos anos em favor de um apelo por isenções fiscais e outros incentivos.

Empregados com experiência na negociação de acordos em todo o país anteciparam os problemas, mas seus alertas foram ignorados pelos que desejavam agradar Bezos com uma nova cartilha para uma grande vitória.

Secretos e afastados do resto da empresa, de acordo com pessoas com conhecimento da situação, os membros da equipe do HQ2 se mantinham nas manchetes e nas discussões e convenciam-se de que a Amazon seria bem-vinda em qualquer lugar.

Essa suposição continua a ressoar hoje, principalmente entre as autoridades municipais que se sentiram manipuladas pela Amazon, de acordo com fontes. Enquanto isso, um grupo bipartidário de legisladores estaduais está considerando uma pacto de não agressão para evitar o tipo de guerra de incentivos fiscais desencadeada durante o processo HQ2. “Tudo isso foi um exercício de ego que explodiu na cara de Jeff Bezos”, disse uma das pessoas.

Em comunicado enviado por e-mail, a Amazon disse que a empresa investiu U$ 270 bilhões em 40 estados e criou mais de 500 mil empregos com salários competitivos, benefícios e treinamento de funcionários. “Estabelecemos parcerias com centenas de comunidades em todo o país para oferecer novos empregos e investimentos.

Como muitas outras empresas, somos elegíveis para acessar programas de incentivos criados e regulados por cidades e estados para atrair novos investidores – pois sabem que esses investimentos pagam dividendos a longo prazo na forma de empregos, nova oportunidade econômica e maior receita tributária.”

Compartilhar

TwitterWhatsAppLinkedinFacebookTelegram
Giro da Semana

Receba as principais notícias e recomendações de investimento diretamente no seu e-mail. Tudo 100% gratuito. Inscreva-se no botão abaixo:

*Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies.

Fechar