Invasão da Ucrânia: Investir em prata é opção para blindar carteira; veja como
Após escalada da tensão no leste europeu, com a invasão da Ucrânia pela Rússia, nesta quinta-feira (24/02), os metais preciosos – o ouro e a prata – dispararam no mercado.
Esse movimento é natural e aponta procura dos investidores por hedges (proteção da carteira contra o risco da variação abrupta de outros ativos). A avaliação é do CIO da Empiricus, Felipe Miranda.
Ele pontua que a tensão geopolítica entre os dois países do leste europeu gera o aumento da aversão ao risco, com a fuga para investimentos que seriam considerados seguros (safe haven), como os metais preciosos.
“Na realidade, o ouro e a prata vinham de um histórico de valorização, visto o atual cenário inflacionário. Mas agora, o que temos, é uma valorização no curto prazo desses hedges, após a Rússia disparar mísseis contra a Ucrânia”, diz o estrategista chefe da casa de investimentos, em menção à escalada de violência entre os antigos países soviéticos.
Para o analista, a fatia ideal dos metais preciosos na carteira de investimentos gira em torno de 5%, com uma proporção de 75% para o ouro e 25% para prata.
Prata: aumento da demanda
A prata segue como uma aposta quente da casa de research. A perspectiva encontra correspondência no recente relatório publicado pelo Silver Institute, organização com foco no fomento do uso do minério pelo mundo. Segundo a publicação, a demanda global por prata deve subir 8%, atingindo 1,112 bilhão de onças em 2022.
O estudo é baseado na retomada global da atividade econômica, puxada, sobretudo, pelo setor industrial que está com uma alta demanda desse insumo. O metal precioso é um componente essencial de interruptores elétricos e painéis solares, e também de produtos químicos. Suas propriedades únicas a tornam quase impossível de substituir e seus usos abrangem uma ampla gama de aplicações na indústria.
Quase todos os computadores, telefones celulares, automóveis e eletrodomésticos contêm prata. É a substância perfeita para revestir contatos elétricos – como os de placas de circuito impresso – devido à sua alta condutividade elétrica e durabilidade. Pintar com tinta prateada qualquer superfície não metálica fornece um caminho elétrico, eliminando a necessidade de fios.
Por exemplo, os chips do Dispositivo de Identificação por Radiofrequência (RFID) estão substituindo os códigos de barras em muitos itens em supermercados e estoques da cadeia de suprimentos.
“Para os investidores, a prata não é só um ‘hedge de guerra’, ao lado ouro. Ela também representa um insumo básico da indústria. E agora, em plena recuperação econômica, esse setor vai seguir demandando essa commodity como nunca”, explica Miranda.
ETFs de mineradoras são uma alternativa?
“As ações e fundos das mineradoras também são uma alternativa aos investidores. Entretanto, relembro que a ideia não é ganhar dinheiro com elas, e sim proteger a carteira”, reforça a analista de investimentos Cristiane Fensterseifer. Ela fundamenta a sua explicação na alta da inflação que condicionou a fuga dos investimentos para posições mais seguras.
“O investidor já estava buscando aplicações mais sólidas visto os reveses e as projeções deste ano. Não à toa, os fundos de prata dolarizados, como o oferecido pela Vitreo, ou em ETFs no exterior, como a iShares Silver Trust (NYSE: SLV) se tornaram uma alternativa”, argumenta.
No caso das ETFs estrangeiras, os custos envolvidos são semelhantes ao de operações com ações brasileiras. Isso pois, o investidor precisa pagar uma taxa de corretagem para a corretora, a qual ele usa para operar na B3 (Bolsa de Valores).
No entanto, como observado pela analista, os investidores também podem comprar prata física direto no mercado de Balcão (fora da Bolsa de Valores). “Eles apenas terão que encontrar alguma entidade financeira que faça esse tipo de transação e observar as condições”, finaliza.