Internacional

Inundada por mortes de Covid-19, capital da Índia inicia cremações em massa

22 abr 2021, 18:41 - atualizado em 22 abr 2021, 18:41
Índia Coronavírus
A Índia registrou 314.835 infecções de coronavírus na quinta-feira (Imagem: REUTERS/Francis Mascarenhas)

Nitish Kumar, um morador de Délhi, foi obrigado a manter o corpo da mãe em casa durante quase dois dias enquanto procurava espaço nos crematórios da cidade – um sinal do dilúvio de mortes na capital da Índia, onde os casos de coronavírus estão disparando.

Nesta quinta-feira, Kumar cremou a mãe, que morreu de Covid-19, em uma instalação de cremação improvisada em um estacionamento adjacente a um crematório em Seemapuri, no nordeste de Délhi.

“Fui de um canto a outro, mas cada crematório tinha uma desculpa… um disse que estava sem madeira”, contou Kumar, usando máscara e de olhos apertados e irritados por causa da fumaça emanando das piras em chamas.

A Índia registrou 314.835 infecções de coronavírus na quinta-feira, a maior taxa diária mundial, e a segunda onda da pandemia está esfacelando sua infraestrutura de saúde frágil. Só em Délhi, onde os hospitais estão ficando sem suprimentos de oxigênio medicinal, o aumento diário supera 26 mil.

Pessoas que estão perdendo entes queridos na capital da Índia, onde 306 pessoas morreram de Covid-19 nas últimas 24 horas, estão se voltando a instalações improvisadas encarregadas de enterros e cremações em massa devido à pressão sobre os crematórios.

Jitender Singh Shunty, que administra um serviço médico sem fins lucrativos, o Shaheed Bhagat Singh Sewa Dal, disse que até a tarde desta quinta-feira seis corpos haviam sido cremados na instalação improvisada do estacionamento e que outros 15 estavam esperando.

“Crianças de cinco anos, 15 anos, 25 anos estão sendo cremadas. Recém-casados estão sendo cremados. É difícil de assistir”, disse Shunty com lágrimas nos olhos.

Vestido com equipamento de proteção e um turbante amarelo brilhante, ele afirmou que no ano passado, durante o pico da primeira onda, o número máximo de corpos que ajudava a cremar em um dia era de 18, e a média era de oito a 10 por dia. Na terça-feira, 78 corpos foram cremados só naquele local, disse.

Kumar disse que quando sua mãe, uma profissional de saúde do governo, foi diagnosticada 10 dias atrás, as autoridades não conseguiram encontrar um leito hospitalar para ela.

“O governo não está fazendo nada. Só você pode salvar sua família. Você está por conta própria”, declarou.