Inter vê Selic a 11,75%, mas alerta para potencial ciclo mais longo; veja as projeções atualizadas
O Inter atualizou suas projeções para o cenário macroeconômico brasileiro e elevou as expectativas para a taxa Selic de 11,25% para 11,75% ao final de 2024.
Para as próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), a casa espera altas de 0,50 ponto percentual, considerando a comunicação anterior, que indicou um início gradual de alta. Isso, no entanto, antecipou a aceleração no ritmo de alta para novembro e dezembro.
Apesar de considerar os juros em 11,75% como cenário base, a economista-chefe, Rafaela Vitória, diz que as incertezas maiores — como o risco de dominância fiscal — podem estender o ciclo.
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“O cenário de maior incerteza vem pressionando o câmbio, o que por sua vez pode trazer novas pressões inflacionárias adicionando à alta recente advinda dos efeitos climáticos em energia e alimentos”, afirma.
Por outro lado, a contenção de gastos anunciada pelo governo pode ter efeito inverso, desaquecendo a demanda e reduzindo a percepção de risco, dando continuidade ao processo de desinflação. “Nesse caso, o ciclo pode ser mais curto e os cortes na Selic retomados ao longo de 2025”, diz.
Inflação e PIB
O Inter já cogita uma inflação mais alta no curto prazo, com impacto da energia e dos alimentos. A casa, inclusive, elevou a projeção do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 4,4% para 4,5% em 2024, mas manteve os 3,8% em 2025.
“A inflação em setembro acelerou com a alta de energia e alimentos, ambos efeitos do recente choque climático. Por outro lado, a inflação de serviços e medidas de núcleos desaceleraram e os demais sinais de desaquecimento da atividade, juntamente com a maior restrição monetária, podem conter uma contaminação maior do novo choque”, diz Vitória.
A maior aversão a risco, segundo a economista, continua pressionando o dólar, que teve nova valorização e chegou a R$ 5,65 — acima da expectativa de R$ 5,40.
“O risco de crescimento dos gastos públicos acima do esperado em 2025, com o não cumprimento do arcabouço, também pode ser fonte adicional de pressão pelo lado da demanda, no atual cenário de baixa capacidade ociosa”, afirma.
Em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), o Inter vê sinais de desaceleração da atividade, após números mais fortes no segundo trimestre. “Após o recuo dos dados de serviços e varejo, estimamos crescimento mais próximo de 0,5% no terceiro trimestre”.
Ainda assim, o crescimento do PIB neste ano deve ficar próximo de 2,9%.
Para 2025, eles esperam um avanço mais modesto de 1,8%, com a desaceleração global e a política monetária mais restritiva no Brasil, juntamente com a ausência de novo estímulo fiscal da mesma magnitude observada em 2023 e 2024.