BusinessTimes

Inter: perspectiva de crescimento compensa preço alto da ação

12 ago 2021, 18:12 - atualizado em 12 ago 2021, 18:13
Banco Inter
A Genial Investimentos iniciou a cobertura das ações do Inter com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 100 (Imagem: Divulgação/Banco Inter)

As units do Inter (BIDI11) não estão uma pechincha, mas ainda valem a pena pelo potencial que a companhia tem para entregar, defendeu a Genial Investimentos. Sob múltiplos nada conservadores de 7 vezes P/VP (preço sobre valor patrimonial) para 2022 e 5,7 vezes P/VP Alvo para 2023 (versus 1,4 vez P/VP e 1,9 vez P/VP Alvo para 2026), a corretora acredita que a perspectiva de crescimento do lucro compensa o prêmio.

A Genial iniciou a cobertura das ações do Inter com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 100. Os analistas estão bastante otimistas com o que a companhia vem construindo – e ainda pode construir – por meio de uma execução operacional exemplar.

“Na nossa visão, o Banco Inter possui um ecossistema financeiro transacional completo com atributos relevantes, como uma habilidade de inovar, agilidade, tecnologia escalável e um time com cultura jovem e tecnológica”, defenderam Eduardo Nishio e Bruno Bandiera, autores do relatório divulgado na terça-feira.

Para a Genial, o Inter conta com vantagens competitivas, fruto de uma oferta abrangente de produtos financeiros acima das entrantes no mercado. A base de clientes não só cresce acima da concorrência e a um baixo custo de aquisição, como também é fiel. Na visão de Nishio e Bandiera, tais pontos são difíceis de serem replicados.

Quebra do modelo tradicional

O marketplace do Inter ganhou a atenção do mercado desde seu lançamento, mas o core business da companhia continua sendo o setor bancário.

A tendência de digitalização deu início a uma grande transformação no segmento, criando oportunidades para os novos players. O modelo de negócio puramente tradicional já não atende mais as necessidades do cliente, que preza pela opção mais vantajosa em termos de custos e praticidade.

Foi nesse contexto que surgiu o Inter. De olho na competição, a companhia tratou de conquistar seu espaço por meio de três produtos principais: a conta 100% digital e isenta de tarifas, o cartão múltiplo, que gera receita através da taxa de intercâmbio, e o crédito rotativo.

Banco Inter
Os analistas esperam que o Inter consiga fechar a disparidade de participação de mercado entre número de contas e carteira de crédito (Imagem: REUTERS/Nacho Doce)

Enquanto boa parte das fintechs trabalhava com apenas um único cartão (Nubank, por exemplo), o Inter saiu na frente ao lançar as categorias “gold” e “black”. O Next, do Bradesco (BBDC4), até hoje possui um cartão.

O Inter também dispõe de concessão de crédito, mas nessa categoria ainda é bastante conservador. A Genial acredita que, no futuro, com a chegada do Open Banking e a captação de R$ 5,5 bilhões em recursos via oferta de ações, a empresa vai ampliar o escopo de produtos.

Os analistas também esperam que o Inter consiga fechar a disparidade de participação de mercado entre número de contas e carteira de crédito – a companhia possui 6% do total de contas correntes da indústria, mas somente 0,25% do total de operações de crédito.

Ganhando tração com Stone

A tese do varejo digital é atrativa. Na opinião da Genial, o marketplace do Inter, que comercializou R$ 1,7 bilhão só em um ano de funcionamento, deve continuar ganhando espaço. A companhia vai se beneficiar não apenas de um ambiente cada vez mais digital, como também colherá bons frutos da parceria firmada com a Stone.

A visão para o longo prazo, no entanto, é mais conservadora.

“Somos mais reticentes quanto à diferenciação do modelo de negócio do Inter Shop no varejo pelas margens menos atrativas do setor, maior competição e a existência de players digitais mais consolidados, a exemplo de Mercado Livre“, comentaram os analistas. “Acreditamos que o marketplace é complementar aos serviços bancários, gerando engajamento dos clientes, aprimorando a originação de crédito e ampliando as receitas de intercâmbio de cartões e de adquirência”.

Resultados

A companhia apresentou salto de 118% no estoque de crédito em 12 meses, com o montante subindo para R$ 13,3 bilhões (Imagem: Divulgação/Banco Inter)

O Inter divulgou ontem seus resultados do segundo trimestre de 2021. A companhia teve lucro líquido de R$ 18,2 milhões, alta de 579% sobre um ano antes.

A companhia apresentou salto de 118% no estoque de crédito em 12 meses, com o montante subindo para R$ 13,3 bilhões.

As receitas com crédito avançaram 87,1% na comparação ano a ano e somaram R$ 331,4 milhões, representando cerca de 50% das receitas totais. O GMV (volume total de mercadorias) no trimestre cresceu 531%, para R$ 774,4 milhões.

O índice de inadimplência acima de 90 dias ficou em 2,82%, queda de 1,4 ponto percentual ano a ano.

A companhia ampliou as provisões em 146%, em linha com a expansão da carteira.

Segundo o BTG Pactual (BPAC11), o Inter divulgou resultados com forte crescimento, apesar do lucro ter vindo 35% menor do que a estimativa. Com mais crescimento, a parceria com a Stone e o aumento de capital recente, o banco aumentou a confiança na tese de investimento.

O BTG reiterou o Inter como uma de suas ações top picks no Brasil.

Os resultados, no entanto, não convenceram o mercado. As units da companhia seguiram o movimento do Ibovespa e fecharam em baixa nesta quinta-feira (12). Os papéis registraram perdas de 6,16%, a R$ 67,38. O principal índice da Bolsa brasileira caiu 1,11%, a 120.700,98 pontos.

Compartilhar

TwitterWhatsAppLinkedinFacebookTelegram
Editora-assistente
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
diana.cheng@moneytimes.com.br
Linkedin
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
Linkedin

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies.

Fechar